segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Geólogos estudam uso do Aquífero Guarani para aliviar crise

Seca no Sistema Cantareira, em São Paulo: geólogos estudam utilização do Aquífero Guarani

São Paulo - Geólogos da Universidade de São Paulo (USP) elaboram um estudo para saber se é possível retirar água do Aquífero Guarani para abastercer a região de Piracicaba, aliviando o Sistema Cantareira.

A proposta é analisar a viabilidade da construção de 24 poços artesianos no município de Itirapina, região oeste do estado, onde o aquífero pode ser acessado de forma rasa.

A análise será apresentada, em aproximadamente um mês, ao comitê criado pelo governo estadual para administrar a crise hídrica no Cantareira. Hoje (27), o sistema chegou a 13% da capacidade de armazenamento, após o início da utilização da segunda cota do volume morto.

O professor Reginaldo Bertolo, do Instituto de Geologia, explica que o estudo inclui a simulação, por meio de um modelo matemático, da extração de 150 mil litros de água por hora.

“Queremos avaliar se o aquífero suporta essas vazões em longo prazo”, apontou. A análise baseia-se em um artigo publicado em 2004 por um grupo da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

De acordo com o trabalho, a região de Piracicaba fica distante cerca de 60 quilômetros (km) em linha reta, o que diminui os custos de um transporte da água direta para a capital.

Outra vantagem é que o desnível geográfico entre as regiões de captação e consumo favorece o deslocamento.

Mesmo em fase de pré-viabilidade técnica, Bertolo acredita que essa pode ser uma alternativa interessante para o abastecimento de parte da região que deveria receber água do Cantareira.

Ele destaca, no entanto, que é preciso fazer o uso sustentável dessa água para evitar novas crises. “A gente precisa ter a recarga no aquífero para que ele continue dando água. Se a gente tiver em longo prazo a certeza de que a chuva vai continuar caindo e o aquífero recarregado, uma vazão de 1 metro cúbico por segundo é uma vazão segura”, apontou.

O Aquífero Guarani é a maior reserva estratégica de água doce da América Latina.

Atualmente, o aquífero abastece a maior parte das cidades do oeste paulista. “Observe que a crise de abastecimento de água está mais crítica nos municípios do centro-leste do estado”, avaliou.

Isso ocorre, segundo Bertolo, porque eles têm maior segurança hídrica com a água oriunda dos aquíferos Bauru e Guarani.

Entre os municípios abastecidos dessa forma, o professor destaca Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Araçatuba, Presidente Prudente, Marília, Bauru, entre outros.

Ele explica que a profundidade das águas subterrâneas exige tecnologia complexa de engenharia, similar à utilizada para encontrar petróleo, para cavar os poços profundos.

Fonte: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/geologos-estudam-uso-do-aquifero-guarani-para-aliviar-crise

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Resultado da eleição pode afetar relação com EUA?

Muitos afirmam que Lula continuou a  macro-política-econômica de FHC, outros afirmam que Dilma não conseguiu suceder os projetos do seu antecessor. E o psdbista mineiro, se eleito? Vai romper, totalmente, com os projetos brasileiros no âmbito comercial? Pelos discursos, será que o netinho do vovô romperá com o Mercosul? Será que se renderá aos EUA?

Washington crê que não e analistas entendem que Dilma e Aécio adotarão medidas parecidas em relação ao comércio bilateral entre os países.

Resultado da eleição pode afetar relação com EUA?
Alessandra Corrêa
De Winston-Salem (EUA) para a BBC Brasil
Para analistas ouvidos pela BBC Brasil, diferenças entre Dilma e Aécio em relação aos EUA são pequenas

Mais de um ano depois das revelações sobre o alcance da espionagem dos Estados Unidos no Brasil, as relações entre os dois países ainda estão longe de um reaquecimento, e há pouca expectativa em Washington de que haja mudanças profundas após a eleição presidencial brasileira.

Apesar de verem alguns sinais de abertura por parte do governo Dilma Rousseff (candidata à reeleição pelo PT) e a possibilidade de um diálogo mais intenso na área de comércio caso Aécio Neves (candidato do PSDB) seja eleito, analistas americanos afirmam que as diferenças entre os dois candidatos são pequenas no que se refere às relações bilaterais.

"As expectativas em relação a Dilma ou Aécio são bem menos distantes do que se poderia pensar", disse à BBC Brasil o cientista político Matthew Taylor, da American University, em Washington.
"A grande questão é: um governo Aécio traria um grau maior de mudança (nas relações bilaterais) do que o visto sob o PT? E eu não estou certo disso", afirma.

Para Taylor, parte da explicação está no próprio histórico dos dois países, que constantemente se posicionam em lados opostos em questões como os recentes conflitos na Líbia, na Síria ou na Ucrânia.

"Há um problema nas relações entre Brasil e EUA que está mais enraizado do que qualquer escândalo em particular", afirma.

"Acho que o Brasil é historicamente desconfiado da hegemonia dos EUA. E isso não é algo do governo do PT, isso vem desde os anos 1950 ou até antes, tem a ver com questões de soberania e autodeterminação na política externa", ressalta.

Espionagem e algodão
O mais recente abalo nas relações bilaterais ocorreu no ano passado, quando informações vazadas por Edward Snowden, ex-técnico da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês), revelaram que empresas brasileiras e a própria presidente Dilma haviam sido alvo de espionagem americana.

Após o escândalo, Dilma cancelou a visita de Estado que faria a Washington. Desde então, a reaproximação entre os dois países tem sido lenta.

No início deste mês, o anúncio de um acordo para encerrar uma disputa comercial de mais de uma década provocada pelos subsídios pagos pelos EUA a seus produtores de algodão foi visto como um passo positivo, mas ainda insuficiente para deixar o mal-estar completamente para trás.

"Creio que o sentimento, tanto em Brasília quanto em Washington, é de que a questão da NSA, o cancelamento da visita de Estado, tudo isso ainda está muito no ar", disse à BBC Brasil o cientista político Riordan Roett, diretor do programa de estudos da América Latina da Universidade Johns Hopkins, em Washington.

Para Roett, o problema nas relações bilaterais não é uma questão de antagonismo, mas sim de oportunidades perdidas.

"Não parece haver uma agenda comum. No nível burocrático, tenho certeza de que tudo funciona perfeitamente bem. Estamos falando de vistos, esse tipo de questão técnica. Mas em termos mais amplos de geopolítica, nas questões importantes, simplesmente não parece haver muito diálogo", afirma.

Comércio
Uma das poucas diferenças mencionadas por brasilianistas entre um novo governo Dilma ou um eventual governo Aécio no que se refere à relação com os EUA estaria nas perspectivas para o comércio.

"Acho que o único setor em que pode haver uma distância maior entre um governo Dilma ou um governo Aécio é o comércio. Especialmente se Aécio estiver disposto, como parece, a se afastar do Mercosul", afirma Taylor.

Mas mesmo nesse ponto, a expectativa sobre possíveis mudanças é vista com cautela.

"A grande questão em Washington neste momento é até que ponto o Brasil estaria realmente disposto a se comprometer com um acordo ou uma aproximação em relação ao comércio", afirma Taylor.

O cientista político ressalta que, apesar de algum tipo de acordo bilateral de comércio ser considerado "uma boa ideia em princípio", haveria várias dificuldades. "O diabo está nos detalhes", diz

Ideologias
De um modo mais geral, porém, a ideia em Washington é a de que, seja quem for o eleito, as relações bilaterais devem se manter no clima atual.

"Os EUA vão ter de lidar com o Brasil de um jeito ou de outro. É um país grande", disse à BBC Brasil o economista Mark Weisbrot, codiretor do centro de estudos econômicos Center for Economic and Policy Research, em Washington.

"Terão relações decentes com quem quer que seja o eleito", afirma Weisbrot.

Os analistas lembram que uma peculiaridade nas relações entre os dois países é o fato de que sua qualidade não costuma ser reflexo da ideologia dos ocupantes da Presidência.

"Acho que a grande ironia dos últimos 20 anos das relações entre Brasil e EUA é que alguns dos melhores momentos ocorreram sob o comando de presidentes ideologicamente muito diferentes, como a (boa) relação entre Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush. E alguns dos momentos mais tensos ocorreram sob presidentes que pareciam ideologicamente mais próximos", ressalta Taylor.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141020_eleicoes2014_relacao_eua_ac_cq

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Manifestações Pró-democracia em Hong Kong

Mais um movimento separatista eclode na Ásia: A ex-colônia britânica, Hong Kong, está passando por uma onda de manifestações pró-democracia há pelo menos duas semanas. O protesto já é o maior desafio do governo chinês desde o movimento pró-democracia da Praça da Paz Celestial de 1989.

Manifestantes pró-democracia resistem e erguem barricadas em Hong Kong
Dezenas de milhares bloqueiam ruas apesar de pedido do líder da região por um fim imediato dos protestos. China apoia maneira como autoridades do território autônomo estão lidando com "atos ilegais"
por Deutsche Welle — publicado 30/09/2014 09:42

Manifestante pró-democracia erguem barricadas e ignoraram o apelo do chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, que pediu um fim imediato para os protestos

Dezenas de milhares estenderam o bloqueio a ruas de Hong Kong nesta terça-feira 30, estocando alimentos e erguendo barricadas improvisadas, indicando que se preparam para uma longa permanência no local. Os manifestantes pró-democracia ignoraram o apelo do chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, que pediu um fim imediato para os protestos.

Ao se manifestar publicamente pela primeira vez desde que a polícia usou gás lacrimogêneo contra os manifestantes no fim de semana, Leung disse na terça-feira que os protestos organizados pelo movimento Occupy Central estavam "fora de controle" e pediu que "parassem a campanha imediatamente".

Os líderes das manifestações rejeitaram as demandas de Leung e continuam pedindo que ele deixe o governo. "Se Leung Chun-ying anunciar sua renúncia, esta ocupação será interrompida ao menos por um curto período de tempo, e decidiremos sobre os próximos passos", disse o cofundador do Occupy Central, Chan Kin-man.

Leung disse que "atos ilegais", como classifica os protestos, não conseguiriam fazer com que o governo central chinês mudasse sua decisão sobre as regras eleitorais em Hong Kong. Os manifestantes querem o direito de escolher livremente seus candidatos, mas Pequim insiste em limitar as eleições de 2017 a um número restrito de nomes fiéis ao governo, com temores de que os apelos pró-democracia se espalhem para outras áreas de seu território.

Espera-se que os protestos ganhem ainda mais força na quarta-feira, o Dia Nacional da China. Representantes do Occupy Central estimam que 100 mil pessoas vão se juntar às manifestações na noite de terça para quarta-feira.

Também circulam rumores de que os policiais estariam se preparando para agir novamente. Após ter usado spray de pimenta e gás lacrimogêneo contra os manifestantes no domingo, a polícia recuou na segunda-feira para aliviar as tensões.

China e Reino Unido
A China disse apoiar a maneira como as autoridades de Hong Kong estão lidando com os protestos. "Acreditamos totalmente no governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong e o apoiamos para lidar com esse problema", disse o porta-voz do Ministério do Exterior, Hua Chunying. "Somos contra qualquer ato ilegal em Hong Kong."

O presidente chinês, Xi Jinping, não se manifestou sobre os protestos. Entretanto, a mídia estatal chinesa afirmou na terça-feira que Pequim não recuará diante dos protestos. "O governo central não recuará só por causo do caos criado pelos oposicionistas", escreveu o Global Times.

Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse estar extremamente preocupado sobre os enfrentamentos entre a polícia e milhares de manifestantes em Hong Kong. Quando perguntado se sentia uma obrigação de se manifestar sobre eventos em Hong Kong, o premiê disse: "É claro que sim".

A China governa Hong Kong através de uma fórmula de "um país, dois sistemas", que confere à ex-colônia britânica relativa autonomia e liberdades das quais os chineses não desfrutam, com o voto universal estabelecido como um eventual objetivo.

"Quando chegamos ao acordo com a China, havia detalhes neste compromisso sobre a importância de dar à população de Hong Kong um futuro democrático dentro dessa abordagem de dois sistemas [...], então, é claro que estou extremamente preocupado com o que está acontecendo e espero que o problema possa ser resolvido", declarou Cameron.

A agitação em Hong Kong é a pior desde que a China retomou a ex-colônia britânica, em 1997. O porta-voz Hua repreendeu as declarações de outros países sobre as manifestações. "Pedimos cautela às partes estrangeiras e que elas não interfiram em assuntos internos da China de maneira alguma."
http://www.cartacapital.com.br/internacional/manifestantes-pro-democracia-resistem-e-erguem-barricadas-em-hong-kong-6214.html


Manifestantes suspendem tentativa de diálogo em Hong Kong
Líderes de um grupo de estudantes pró-democracia em Hong Kong adiaram negociações com o governo após manifestantes se envolverem em brigas com oponentes.
3 outubro 2014

Manifestantes suspenderam negociação com governo após serem atacados por opositores
O grupo afirmou que o governo está falhando em proteger os manifestantes. Eles estão descontentes com planos da China de vetar candidatos para a eleição para Chefe Executivo de Hong Kong.

A ex-colônia britânica está passando por uma onda de manifestações pró-democracia há pelo menos duas semanas. O protesto já é o maior desafio do governo chinês desde o movimento pró-democracia da Praça da Paz Celestial de 1989.

O movimento foi iniciado por estudantes que posteriormente recebeu o apoio de ativistas do grupo Occupy Central, que prega a desobediência civil em uma luta pró-democracia.

A China marcou a primeira eleição do Chefe Executivo de Hong Kong para 2017, mas no fim de setembro estabeleceu normas para poder controlar quem poderá se candidatar – deflagrando a onda de protestos.

Desde que foi entregue pela Grã-Bretanha ao Estado chinês em 1997, Hong Kong goza de liberdades especiais concedidas por Pequim. Seu Chefe Executivo, Leung Chun-ying foi escolhido pela última vez em 2012 por meio de um conselho.

Chun-ying fez uma proposta de negociação aos manifestantes depois que eles começaram a clamar por sua saída do cargo.

Porém tumultos foram iniciados na quinta-feira quando grupos de pessoas aparentemente descontentes com a paralização do centro de Hong Kong tentaram desmontar tendas e barricadas.

Promessa quebrada
A Federação de Estudantes de Hong Kong, que foi convidada a participar de negociações com o governo na quarta-feira, afirmou em comunicado que havia "adiado" as conversas. Mas uma nova data não foi divulgada.

"O governo deixou a máfia atacar os participantes do (movimento) Occupy. Ele interrompeu o caminho para o diálogo e deve se responsabilizar pelas consequências", afirmou o grupo.

"O governo não cumpriu sua promessa. Nós não temos escolha exceto adiar a negociação".

Porém não ficou claro se o comunicado reflete a posição de outros grupos envolvidos no protesto.

O líder do movimento Occupy Central, Benny Tai, afirmou à BBC que seu grupo ainda estava considerando um boicote às negociações. Mas disse também que a situação de ataques contra os manifestantes não poderia continuar.

"Nesse ponto é muito, muito difícil manter qualquer senso de diálogo se o governo não impedir que essas coisas aconteçam com manifestantes pacíficos", disse. O governo não se manifestou sobre o adiamento.

Apenas uma brincadeira
No distrito commercial de Mong Kok, na península de Kowloon, oponentes dos manifestantes tentaram desmontar as tendas.

Mais tarde, manifestantes pró-democracia se concentraram na área superando largamente em número seus oponentes, segundo o correspondente da BBC Martin Patience.

Eles começaram a cantar: "Voltem para o continente". Muitos ativistas suspeitam que os opositores do protesto tenham sido organizados pelos governos da China ou Hong Kong.

Contudo, só a sua presença é um lembrete de que nem todos em Hong Kong estão apoiando os manifestantes, segundo o correspondente.

Segundo Patience, parte dos opositores parecem ser residentes locais furiosos com a paralização.

"Eu não apoio o Occupy Central. Nós temos que trabalhar para fazer dinheiro. O Occupy é só uma brincadeira", disse um trabalhador da construção civil identificado apenas como Lee, em uma entrevista à agência de notícias AFP.

"Nos devolvam Mong Kok, nós de Hong Kong precisamos comer", disse outro homem.

Conflitos semelhantes ocorreram em Causeway Bay, na ilha de Hong Kong, onde residentes tentaram remover barricadas armadas por manifestantes pró-democracia.

Os escritórios governamentais na área dos protestos foram fechados e os funcionários foram orientados a trabalhar em suas casas.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141002_hong_kong_impasse_lk