segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Manifestações Pró-democracia em Hong Kong

Mais um movimento separatista eclode na Ásia: A ex-colônia britânica, Hong Kong, está passando por uma onda de manifestações pró-democracia há pelo menos duas semanas. O protesto já é o maior desafio do governo chinês desde o movimento pró-democracia da Praça da Paz Celestial de 1989.

Manifestantes pró-democracia resistem e erguem barricadas em Hong Kong
Dezenas de milhares bloqueiam ruas apesar de pedido do líder da região por um fim imediato dos protestos. China apoia maneira como autoridades do território autônomo estão lidando com "atos ilegais"
por Deutsche Welle — publicado 30/09/2014 09:42

Manifestante pró-democracia erguem barricadas e ignoraram o apelo do chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, que pediu um fim imediato para os protestos

Dezenas de milhares estenderam o bloqueio a ruas de Hong Kong nesta terça-feira 30, estocando alimentos e erguendo barricadas improvisadas, indicando que se preparam para uma longa permanência no local. Os manifestantes pró-democracia ignoraram o apelo do chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, que pediu um fim imediato para os protestos.

Ao se manifestar publicamente pela primeira vez desde que a polícia usou gás lacrimogêneo contra os manifestantes no fim de semana, Leung disse na terça-feira que os protestos organizados pelo movimento Occupy Central estavam "fora de controle" e pediu que "parassem a campanha imediatamente".

Os líderes das manifestações rejeitaram as demandas de Leung e continuam pedindo que ele deixe o governo. "Se Leung Chun-ying anunciar sua renúncia, esta ocupação será interrompida ao menos por um curto período de tempo, e decidiremos sobre os próximos passos", disse o cofundador do Occupy Central, Chan Kin-man.

Leung disse que "atos ilegais", como classifica os protestos, não conseguiriam fazer com que o governo central chinês mudasse sua decisão sobre as regras eleitorais em Hong Kong. Os manifestantes querem o direito de escolher livremente seus candidatos, mas Pequim insiste em limitar as eleições de 2017 a um número restrito de nomes fiéis ao governo, com temores de que os apelos pró-democracia se espalhem para outras áreas de seu território.

Espera-se que os protestos ganhem ainda mais força na quarta-feira, o Dia Nacional da China. Representantes do Occupy Central estimam que 100 mil pessoas vão se juntar às manifestações na noite de terça para quarta-feira.

Também circulam rumores de que os policiais estariam se preparando para agir novamente. Após ter usado spray de pimenta e gás lacrimogêneo contra os manifestantes no domingo, a polícia recuou na segunda-feira para aliviar as tensões.

China e Reino Unido
A China disse apoiar a maneira como as autoridades de Hong Kong estão lidando com os protestos. "Acreditamos totalmente no governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong e o apoiamos para lidar com esse problema", disse o porta-voz do Ministério do Exterior, Hua Chunying. "Somos contra qualquer ato ilegal em Hong Kong."

O presidente chinês, Xi Jinping, não se manifestou sobre os protestos. Entretanto, a mídia estatal chinesa afirmou na terça-feira que Pequim não recuará diante dos protestos. "O governo central não recuará só por causo do caos criado pelos oposicionistas", escreveu o Global Times.

Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse estar extremamente preocupado sobre os enfrentamentos entre a polícia e milhares de manifestantes em Hong Kong. Quando perguntado se sentia uma obrigação de se manifestar sobre eventos em Hong Kong, o premiê disse: "É claro que sim".

A China governa Hong Kong através de uma fórmula de "um país, dois sistemas", que confere à ex-colônia britânica relativa autonomia e liberdades das quais os chineses não desfrutam, com o voto universal estabelecido como um eventual objetivo.

"Quando chegamos ao acordo com a China, havia detalhes neste compromisso sobre a importância de dar à população de Hong Kong um futuro democrático dentro dessa abordagem de dois sistemas [...], então, é claro que estou extremamente preocupado com o que está acontecendo e espero que o problema possa ser resolvido", declarou Cameron.

A agitação em Hong Kong é a pior desde que a China retomou a ex-colônia britânica, em 1997. O porta-voz Hua repreendeu as declarações de outros países sobre as manifestações. "Pedimos cautela às partes estrangeiras e que elas não interfiram em assuntos internos da China de maneira alguma."
http://www.cartacapital.com.br/internacional/manifestantes-pro-democracia-resistem-e-erguem-barricadas-em-hong-kong-6214.html


Manifestantes suspendem tentativa de diálogo em Hong Kong
Líderes de um grupo de estudantes pró-democracia em Hong Kong adiaram negociações com o governo após manifestantes se envolverem em brigas com oponentes.
3 outubro 2014

Manifestantes suspenderam negociação com governo após serem atacados por opositores
O grupo afirmou que o governo está falhando em proteger os manifestantes. Eles estão descontentes com planos da China de vetar candidatos para a eleição para Chefe Executivo de Hong Kong.

A ex-colônia britânica está passando por uma onda de manifestações pró-democracia há pelo menos duas semanas. O protesto já é o maior desafio do governo chinês desde o movimento pró-democracia da Praça da Paz Celestial de 1989.

O movimento foi iniciado por estudantes que posteriormente recebeu o apoio de ativistas do grupo Occupy Central, que prega a desobediência civil em uma luta pró-democracia.

A China marcou a primeira eleição do Chefe Executivo de Hong Kong para 2017, mas no fim de setembro estabeleceu normas para poder controlar quem poderá se candidatar – deflagrando a onda de protestos.

Desde que foi entregue pela Grã-Bretanha ao Estado chinês em 1997, Hong Kong goza de liberdades especiais concedidas por Pequim. Seu Chefe Executivo, Leung Chun-ying foi escolhido pela última vez em 2012 por meio de um conselho.

Chun-ying fez uma proposta de negociação aos manifestantes depois que eles começaram a clamar por sua saída do cargo.

Porém tumultos foram iniciados na quinta-feira quando grupos de pessoas aparentemente descontentes com a paralização do centro de Hong Kong tentaram desmontar tendas e barricadas.

Promessa quebrada
A Federação de Estudantes de Hong Kong, que foi convidada a participar de negociações com o governo na quarta-feira, afirmou em comunicado que havia "adiado" as conversas. Mas uma nova data não foi divulgada.

"O governo deixou a máfia atacar os participantes do (movimento) Occupy. Ele interrompeu o caminho para o diálogo e deve se responsabilizar pelas consequências", afirmou o grupo.

"O governo não cumpriu sua promessa. Nós não temos escolha exceto adiar a negociação".

Porém não ficou claro se o comunicado reflete a posição de outros grupos envolvidos no protesto.

O líder do movimento Occupy Central, Benny Tai, afirmou à BBC que seu grupo ainda estava considerando um boicote às negociações. Mas disse também que a situação de ataques contra os manifestantes não poderia continuar.

"Nesse ponto é muito, muito difícil manter qualquer senso de diálogo se o governo não impedir que essas coisas aconteçam com manifestantes pacíficos", disse. O governo não se manifestou sobre o adiamento.

Apenas uma brincadeira
No distrito commercial de Mong Kok, na península de Kowloon, oponentes dos manifestantes tentaram desmontar as tendas.

Mais tarde, manifestantes pró-democracia se concentraram na área superando largamente em número seus oponentes, segundo o correspondente da BBC Martin Patience.

Eles começaram a cantar: "Voltem para o continente". Muitos ativistas suspeitam que os opositores do protesto tenham sido organizados pelos governos da China ou Hong Kong.

Contudo, só a sua presença é um lembrete de que nem todos em Hong Kong estão apoiando os manifestantes, segundo o correspondente.

Segundo Patience, parte dos opositores parecem ser residentes locais furiosos com a paralização.

"Eu não apoio o Occupy Central. Nós temos que trabalhar para fazer dinheiro. O Occupy é só uma brincadeira", disse um trabalhador da construção civil identificado apenas como Lee, em uma entrevista à agência de notícias AFP.

"Nos devolvam Mong Kok, nós de Hong Kong precisamos comer", disse outro homem.

Conflitos semelhantes ocorreram em Causeway Bay, na ilha de Hong Kong, onde residentes tentaram remover barricadas armadas por manifestantes pró-democracia.

Os escritórios governamentais na área dos protestos foram fechados e os funcionários foram orientados a trabalhar em suas casas.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141002_hong_kong_impasse_lk

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