domingo, 24 de agosto de 2014

Os podres do nosso lixo

Os podres do nosso lixo
Líder na produção de resíduos per capita no país e sem aterros sanitários, Brasília ainda tenta se livrar do atraso nesse setor
21.ago.2014 17:54:21 | por Lilian Tahan e Paulo Lannes
Lixão da Estrutural: o maior depósito a céu aberto da América Latina (Foto: Roberto Castro)


É comum usarmos mais tempo para acompanhar os últimos lançamentos tecnológicos do que para debater a destinação dos nossos adorados bens de consumo, que se tornaram imprescindíveis na vida moderna. Natural. Queremos olhar para a frente, para o novo, e pensar no velho, no que já não nos serve mais, parece não fazer sentido. Apesar de indigesto, remexer e discutir nossas sobras é mais que um desafio, trata-se de uma necessidade, especialmente no Distrito Federal, endereço do maior lixão a céu aberto do país e recordista nacional na produção de resíduos sólidos urbanos por pessoa.

Vamos ao exemplo do tântalo. Durante décadas, o mineral usado como matéria-prima na confecção de celulares e smartphones era encontrado em abundância na natureza. Os especialistas preveem que em vinte anos as únicas jazidas desse metal serão os lixões e os aterros sanitários, para onde vão os telefones rejeitados. Isso também deve ocorrer com a prata, o cobre e o índio — presentes na tela plana de TVs e computadores. Quando esses minerais voltam para o meio ambiente em forma de resíduos não processados, têm o poder devastador de contaminar lençóis freáticos e espalhar doenças graves, como o câncer.

Um completo estudo sobre o tema foi realizado recentemente pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Segundo o levantamento, que reúne dados de 2013, cada brasiliense gera por dia 1,5 quilo de lixo. É quase o triplo do índice de Santa Catarina, o dobro do de Minas Gerais, 22% a mais que no Rio de Janeiro e 15% acima da quantidade por habitante do Estado de São Paulo — a média nacional é de 1,04 quilo. Tem mais. Nos reduzidos limites geográficos do DF, são produzidas 4 326 toneladas de lixo por dia, número superior ao dos estados de Mato Grosso, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Maranhão — todos com população maior do que a candanga.
Apesar de a capital ostentar a liderança na fabricação de lixo, ainda está longe de seguir a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Neste mês, Brasília passou oficialmente a descumprir várias normas que estabelecem práticas sustentáveis na gestão do lixo. Aprovada em 2 de agosto de 2010, a Lei Federal 12305 prevê, entre outras medidas, que as cidades tinham quatro anos para acabar com os lixões a céu aberto. Mas o que se vê a 10 quilômetros do Congresso Nacional, onde essa legislação foi debatida durante duas décadas, é uma imagem desalentadora. Urubus e catadores ainda lutam pela sobrevivência nas montanhas de sobras descartadas pela população com a maior renda per capita do país. “Eles vivem em situação subumana. Muitos se machucam, adoecem e até morrem. São invisíveis para a sociedade e para o Estado”, afirma o procurador Valdir Pereira da Silva. Há um ano e meio ele conduz pelo Ministério Público do Trabalho um inquérito civil que investiga a atuação de 1 200 catadores no lixão da Estrutural, o maior da América Latina. Segundo o procurador, apenas em 2014 três pessoas perderam a vida nesse cenário. Foram vítimas dos perigos de lidar diretamente com os resíduos, sem acesso a nenhuma infraestrutura de apoio.

Pelas características de país-continente e de potência em desenvolvimento, o Brasil é a terceira nação do planeta que mais acumula lixo. São 189,2 toneladas de sobras por dia. Perde só para a China e os Estados Unidos. Inversamente proporcional às montanhas de restos, no entanto, está a destinação correta desse material. O Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, elaborado pela Abrelpe, mostra que 41,7% do que é jogado fora no país não passa por um processamento adequado, algo equivalente a 79 000 toneladas por dia. É como se, a cada 24 horas, 158 000 contêineres abarrotados com todo tipo de lixo fossem despejados em lugares impróprios.

Se a situação do Brasil é alarmante, a da região que abraça sua capital está ainda pior. No Centro-Oeste, para cada quilo de lixo gerado, 700 gramas vão para lixões. Em Brasília, 65,8% de tudo o que é rejeitado toma um rumo descabido do ponto de vista da sustentabilidade. “Na capital do país, que deveria dar o exemplo, ainda faltatoda uma rede de infraestrutura por parte do governo, além de mais consciência ambiental da sociedade”, considera o presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho. Ele explica que o lixo é um dos indicadores de prosperidade. Quanto mais poder aquisitivo tiver a população, maior será o consumo e, consequentemente, a quantidade de resíduos produzidos. Silva Filho alerta, porém, que essa lógica não justifica a má administração dos rejeitos. “Se a sociedade cresce economicamente, precisa estar pronta para lidar com seu lixo.”


Entre 8 e 11 de setembro, haverá uma boa oportunidade de olhar exemplos de fora durante o Congresso Mundial de Resíduos Sólidos da Iswa (International Solid Waste Association). O evento, considerado o maior fórum de discussão sobre o tema, ocorrerá pela primeira vez no Brasil, em São Paulo. Durante os debates, representantes de 56 países vão expor experiências bem-sucedidas no tratamento das sobras. A comitiva de Copenhague, por exemplo, apresentará uma referência de como aumentar o potencial do lixo. Na capital da Dinamarca, parte da energia elétrica consumida pela população vem dos resíduos. Lá, o índice de reciclagem é de 50%, um dos maiores do mundo. Em Brasília, que engatinha na coleta seletiva, iniciada há seis meses, esse porcentual chegou a 8,3%. Nesse congresso mundial em São Paulo, os participantes também poderão saber como os austríacos garimparam mais ouro no lixo do que nas minas. Terão a chance ainda de beber na fonte dos peruanos, que, mesmo com uma realidade econômica menos favorável do que a da Áustria, conseguiram aumentar a receita do setor de resíduos, evitando o desperdício e transformando restos em gás natural. No caso da italiana Milão, seus gestores anunciam explicações sobre como converter matéria orgânica em fertilizante para praças e parques urbanos.

Infelizmente, os bons exemplos europeus e até de vizinhos da América Latina tratam de estágios distantes da realidade local. Aqui há, primeiro, que seguir itens mais básicos da cartilha sobre o destino correto de resíduos sólidos. Fechar o lixão da Estrutural e passar a operar o aterro sanitário é o mais urgente deles. Mesmo essa providência primária parece improvável a curto prazo. As obras do aterro de Samambaia estão inconclusas e não há data definida para inaugurá-lo. No lugar, haverá três valas de 5 metros impermeabilizadas e ligadas a um duto. Essa tubulação levará o chorume — líquido que se forma pela decomposição de matéria orgânica — para uma estação de tratamento. Diretor-geral do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) do DF, Gastão Ramos reconhece que a estrutura já deveria ter sido entregue, mas divide a responsabilidade pelo atraso com gestões passadas e outros órgãos envolvidos na operação, como o Tribunal de Contas, que tem um histórico de embargos nos processos que envolvem o lixo. Ramos lembra que, durante um longo período, a administração dos resíduos no DF foi prejudicada por disputas políticas e de interesse econômico. Entre 2007 e 2010, o governo terceirizou essa tarefa a empresas mantidas por meio de contratos emergenciais, sem o expediente da concorrência pública. Essa rotina do improviso, no melhor dos cenários, facilitou o desperdício e, no pior, favoreceu o sobrepreço de serviços bancados com o dinheiro da sociedade. Hoje, cada família brasiliense desembolsa, em média, 160 reais por ano para o financiamento da limpeza pública, segundo estimativa da Secretaria de Fazenda.

Se o custo individual para os cidadãos parece não ser tão alto, a soma dos valores pagos representa uma fatia milionária no bolo do orçamento. Por ano, o GDF utiliza 390 milhões de reais para administrar seus resíduos. O valor já foi mais alto. “Cortamos 47% dos gastos administrativos. Mas ainda trabalhamos para enxugar essa estrutura e otimizar os serviços”, diz o diretor-geral do SLU. Ele afirma que, em sua gestão, tomou medidas saneadoras, como a abertura de 173 processos administrativos disciplinares. As ações internas resultaram na demissão de seis gestores a bem do serviço público. Em um futuro breve, o SLU programa pôr em operação quatro centros de triagem para acolher os catadores, hoje organizados em 32 cooperativas. Esses postos prometem oferecer espaço apropriado, máquinas de pesagem dos materiais recicláveis, refeitório e vestiário para os trabalhadores. “A gente não quer mais saber de planta que fica bonita na foto. Já passou da hora estabelecida por lei para o projeto existir na prática”, cobra Ronei Alves da Silva, que representa o Movimento Nacional de Catadores no DF.

Ao coro de Silva se une o deputado distrital Joe Valle (PSB). Ele coordena a Frente Parlamentar de Meio Ambiente na Câmara Legislativa e é autor da Política Distrital de Resíduos Sólidos. Aprovada na Casa, a lei local foi vetada pelo governador no último dia 15. “Não podemos mais evitar uma legislação que freia os desmandos do passado e põe a cidade no caminho da gestão politicamente correta do lixo”, diz Valle. VEJA BRASÍLIA teve acesso a uma auditoria inédita do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) que discrimina, na ponta do lápis, esses desmandos lembrados pelo político. A investigação é sobre a razoabilidade dos preços praticados em contratações emergenciais entre 2006 e 2012. Essa fiscalização dos auditores aponta superfaturamento em quatro etapas do processamento do lixo, desde a varrição de rua até o transporte dos resíduos. Trata-se de um prejuízo de 91,9 milhões de reais, atribuído às seis empresas que prestavam serviço para o SLU: Artec, Nely Transportes, Valor Ambiental, Engetécnica, Delta — que, em 2012, se envolveu em um escândalo nacional de fraudes e propinas — e Qualix, hoje em recuperação judicial. Atualmente, a maior fatia do serviço terceirizado pelo SLU está nas mãos da Sustentare, mantenedora do mesmo CNPJ da Qualix. “Hoje, nosso corpo diretivo é totalmente diferente”, afirma a assessoria de imprensa que representa a Sustentare.

A partir do relatório dos auditores, os conselheiros do TCDF determinaram ao SLU uma série de recomendações técnicas, como a fiscalização regular dos trabalhos para evitar novos episódios de desperdício e de superfaturamento. Uma sinalização clara de que, para se livrar do atraso e promover uma revolução do lixo na capital da República, governo e sociedade não poderão varrer essa sujeira para debaixo do tapete. 

http://vejabrasil.abril.com.br/brasilia/materia/os-podres-do-nosso-lixo-3100

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

SE CAVARMOS UM BURACO SAIREMOS NO JAPÃO?

Minha mãe me falava que se eu cavasse, cavasse, cavasse bem fundo... um dia sairia no Japão... Acho que ela estava errada!!!

Neste site você vai encontrar esta resposta, ao digitar um endereço ele vai encontrar seu ponto antípoda, ou seja, seu ponto contrário no globo. 

Bora lá conferir?!?


Acesse: http://www.antipodesmap.com/

domingo, 10 de agosto de 2014

EUA retomam ofensiva aérea no Iraque

Seja com Bush pai, Bush júnior, Clinton ou Obama, os Estados Unidos sempre se indispõe, em nome da "paz", com algum determinado grupo no Oriente Médio. A bola da vez é o grupo jihadista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) no norte do Iraque (Curdistão?!?!?!) para proteger a minoria yazidi.

Vale lembrar que, na nossa visão ocidentalizada, o termo Jihad é uma guerra, que tem o objetivo de transformar as pessoas em praticantes do islamismo e fazer com que eles pratiquem atentados e se tornem homens-bomba. 

Maomé, profeta do Islamismo, declarou que Jihad era uma guerra sagrada, que simbolizava a luta para converter o maior número de pessoas para a religião islâmica.

Já os muçulmanos, dizem que essa é uma definição equivocada, que Jihad não tem nada a ver com guerra, e sim no empenho que os praticantes devem ter em seguir a religião.

Mas quem são os Yazidis? 

Os yazidis são membros de uma das menores e mais incompreendidas religiões do Iraque - e por isso já foram perseguidos outras vezes. 

A religão dos yazidis combina elementos do zoroastrismo (prega a interpretação dualista do mundo, dividido entre as forças do bem e do mal. Os ensinamentos de Zoroastro, por volta do século VI a.C, afirmavam a existência de um deus supremo, que havia criado dois outros seres poderosos que dividiam sua própria natureza: Ormuzd seria a fonte de todo o bem, enquanto Ariman seria a origem do mal, depois que se rebeloucom Sufi Islã (o sufismo é uma linha mística do islamismo. Apesar de sua origem, sofreu perseguição dos muçulmanos em diversos momentos da história. A justificativa para isso era a ameaça ao monoteísmo do islamismo. Por outro lado, o Alcorão também serve como inspiração para o sufismo. Outra diferença do islamismo para o sufismo está na meditação, enquanto os primeiros creem que as cordas vocais e os instrumentos musicais estão ligados ao demônio, os segundos utilizam a música para alcançar um estado mental elevado que se aproxima do contato com Deus.e crenças que remontam à antiga Mesopotâmia.

Eles acreditam que Deus e 7 anjos protegem o mundo. Um deles, chamado Malak Tawous - que é representado na Terra na forma de um pavão - foi expulso do paraíso por ter se recusado a curvar-se para Adão.

Para os yazidis isso é considerado um sinal de bondade, mas os muçulmanos o enxergam como um anjo caído e enxergam os yazidis como adoradores do diabo. 

Além disso, os yazidis acreditam na reencarnação, o que faz com que o entedimento com os islâmicos seja ainda mais difícil. 

A religião tem um sistema de castas rigoroso, que determina quem pode casar com quem dentro da comunidade. Casar fora da comunidade é proibido.

Atualmente, existem cerca de 600 mil yazidis no mundo. A maioria está concentrada no Iraque, Irã, Turquia e Síria. 


Enfim, conceitos à parte, certo mesmo é o interesse dos EUA pelos recursos naturais da região e pelo incremento de sua indústria bélica (guerra é sempre lucrativo para empresários do ramo). 

Para esta semana dois artigos, um da Veja e outro da BBC, sobre os ataques. Boa leitura!!!



EUA lançam mais quatro ataques aéreos no Iraque           09/08/2014 - 21:21
Aviões e drones acertaram veículos blindados de terroristas no norte do país. ONU quer rastrear e bloquear as fontes de financiamento dos jihadistas.

Os Estados Unidos realizaram neste sábado outra série de bombardeios seletivos contra alvos do grupo jihadista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) no norte do Iraque para proteger a minoria yazidi que vive no Curdistão, reporta a rede CNN citando informações do Pentágono. 

O primeiro dos ataques foi feito por aviões de combate e drones (aeronaves não tripuladas), segundo o Comando Central dos Estados Unidos, encarregado do Oriente Médio.

O bombardeio teve como objetivo destruir dois veículos blindados que estavam disparando contra os yazidis perto do monte Sinjar.

Alguns minutos depois, durante outro ataque, um avião americano bombardeou e destruiu outros dois veículos blindados e um caminhão armado. 

O terceiro ataque deste sábado aconteceu quando uma aeronave americana destruiu um veículo blindado na mesma região.

Na sexta, duas séries de ataques aéreos americanos atingiram uma posição de artilharia do grupo jihadista, destruíram um comboio de militantes e mataram uma equipe de morteiro. 

Na manhã deste sábado, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou o êxito dos primeiros bombardeios seletivos contra os jihadistas do EIIL, mas reiterou a necessidade de se criar um governo de unidade no país. 

Obama fez um pronunciamento para analisar a situação na região autônoma do Curdistão iraquiano, após ter ordenado ataques aéreos e lançamentos de mantimentos para os cidadãos curdos cercados no Iraque.

“As forças americanas realizaram ataques aéreos dirigidos contra as forças terroristas nos arredores da cidade de Erbil [capital do Curdistão] para evitar o avanço sobre a cidade e para proteger nossos diplomatas americanos e o pessoal militar”, disse o presidente americano. 

Segundo Obama, os ataques “destruíram com sucesso armamento e equipamentos que os terroristas poderiam ter utilizado contra Erbil”.

Os EUA realizaram também duas séries de lançamentos de alimento e água para as dezenas de milhares de refugiados isolados no monte Sinjar, uma ajuda humanitária apoiada pelos governos da França e Grã-Bretanha.

Resolução – O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) está estudando uma minuta de resolução apresentada pela Grã-Bretanha  para condenar a ofensiva jihadista no Iraque e tentar enfraquecê-la cortando suas vias de financiamento. O texto propõe congelar os ativos financeiros de vários dirigentes do EIIL e ameaça com sanções qualquer pessoa ou organização que forneça apoio à milícia sunita. A minuta adverte que os terroristas estão recrutando novos membros por meio da internet e redes sociais.

Além disso, encoraja os governos a propor listas de nomes com indivíduos e entidades que apoiam esse e outros grupos jihadistas para sua inclusão urgente no regime de sanções da ONU. O texto também ordena a analistas das Nações Unidas a elaboração em um prazo de 90 dias de um relatório sobre a ameaça do EIIL e suas fontes de financiamento e de armas, junto a recomendações sobre como frear seu avanço. O Conselho de Segurança, que já se reuniu nesta semana para analisar os últimos eventos no Iraque, poderia votar a proposta de resolução nos próximos dias.
(Com agências EFE e France-Presse)
http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/eua-lancam-mais-quatro-ataques-aereos-no-iraque

EUA retomam ofensiva aérea no Iraque
Atualizado em  9 de agosto, 2014 - 21:28 (Brasília) 00:28 GMT
As Forças Armadas dos EUA anunciaram ter realizado neste sábado quatro novos ataques aéreos contra militantes do autodenominado Estado Islâmico (EI) no norte do Iraque.

Segundo um comunicado emitido pelos militares americanos, o objetivo da nova ofensiva seria defender integrantes da minoria religiosa Yazidi, que estariam sendo "atacados indiscriminadamente" perto da localidade de Sinjar.

De acordo com os EUA, em um primeiro momento caças e drones teriam destruído um tanque de guerra que estaria atirando contra civis. Em seguida, os caças americanos teriam localizado e atacado outros tanques e veículos blindados.

Esta é a terceira rodada de ataques aéreos dos Estados Unidos contra alvos no Iraque desde a última sexta-feira.

O presidente americano, Barack Obama, autorizou os ataques argumentando que eles são necessários para defender minorias étnicas ameaçadas pelo EI. 

A ofensiva marca uma novo envolvimento de forças americanas em operações militares no Iraque.

As tropas dos EUA deixaram o país no fim de 2011 e, em um pronunciamento neste sábado, Obama reiterou que não devem retornar. 

O presidente americano também disse acreditar que levará "algum tempo" para que os Estados Unidos possam ajudar o Iraque a se estabilizar.

Segundo Obama, esse seria um "projeto de longo prazo", no qual seria necessário renovar e reabastecer as Forças Armadas iraquianas, além de conquistar o apoio das populações sunitas do país. "Não acho que vamos resolver esse problema em semanas. Acho que isso vai levar algum tempo", disse o presidente dos EUA.

O avanço do EI tem forçado milhares de pessoas pertencentes a minorias étnicas a deixarem suas casas e se refugiarem nas montanhas do norte do Iraque. 

O grupo hoje controla a maior usina hidrelétrica iraquiana, fonte de água e eletricidade para grande parte do país.


Em junho, quando o EI avançou sobre Mosul, o primeiro-ministro iraquiano, Nouri Maliki, pediu a ajuda dos Estados Unidos para conter os insurgentes. Washington, porém, recusou-se a intervir.

Analistas afirmam que a ascensão dos rebeldes islâmicos, junto com o fracasso na formação de um novo governo após as eleições de abril, tenha forçado Obama a agir.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/08/140729_iraque_ataque_ru.shtml

domingo, 3 de agosto de 2014

Uma Nova Guerra Fria?

Vinte cinco anos se passaram desde a queda do Muro de Berlim e em 1991, com a dissolução da URSS, extinguia-se um período tenebroso conhecido como Guerra Fria. Corrida aeroespacial, nuclear, armamentista, Estados Unidos e a Ex-URSS promoveram, durante 45 anos, uma tensão, um equilíbrio pelo medo. 

Tempos de paz mundial? Não podemos falar nisto, uma vez que conflitos eclodiram e ainda ocorrem em várias partes do planeta. Porém, os dois grandes com poderio militar deram uma trégua que pode estar no seu fim. 

Texto único para analise da semana, a BBC aborda esta questão. O impasse com a União Europeia/ EUA/ ONU no caso da Crimeia e a queda do avião atingindo por míssil “sem pai” trazem à tona todo o pavor daquele período. Putin, um ex-agente da KGB, parece estar disposto para a briga. Obama que se cuide!

Pacto que ajudou a pôr fim à Guerra Fria está abalado?
Atualizado em  3 de agosto, 2014 - 06:39 (Brasília) 09:39 GMT
Depois que o presidente Barack Obama acusou o colega russo, Vladimir Putin, de ignorar um tratado histórico para redução de armas nucleares, nesta semana, levantou-se um debate sobre o destino da iniciativa.

O acordo de Forças Nucleares Intermediárias (INF, na sigla em inglês) foi assinado entre Mikhail Gorbachev e Ronald Reagan em 1987. Previa a remoção de parte do arsenal nuclear de EUA e União Soviética com fins de conter a ameaça para a segurança global representada pelas duas superpotências.

Considerado o "começo do fim da Guerra Fria," o Tratado INF proibiu possuir, produzir e testar mísseis nucleares de distância intermediária (entre 500 e 5,5 mil km).

"Foi um acordo fundamental na Guerra Fria. Essencialmente, eliminou uma controversa classe de armas nucleares. E, por essa razão, ainda tem repercussão", diz Nick Child, correspondente de assuntos internacionais da BBC.

Na época, o pacto foi um marco especialmente na segurança da Europa, uma vez que tanto os EUA quanto a URSS possuíam arsenal desse tipo.

A Casa Branca não tornou públicos os detalhes da sua acusação, feita no seu seu relatório anual sobre o cumprimento do controle de armas. Esses foram apresentados por Obama em uma carta a Putin, e em contato por telefone entre os ministros das Relações Exteriores, John Kerry e Sergei Lavrov.

O mal-estar contribui para o deterioro das relações EUA-Rússia, que já vinham abaladas e que foram novamente afetadas pela queda do avião da Malaysia Airlines que fazia o voo MH17, supostamente atingido por um míssil disparado por rebeldes pró-Moscou no leste da Ucrânia.

Proibições
O Tratado INF entrou em vigor em 1 de Janeiro de 1988 e previa que até 1991 fossem banidos os mísseis nucleares de distância intermediária dos Estados Unidos e da Rússia.

Tom Collina, da Associação de Controle de Armas, disse à BBC que o acordo "proibiu e eliminou todo lançamento de um míssil de alcance intermediário nos territórios americano e russo".

"Em qualquer lugar do mundo, mas na época eles estavam todos dentro e ao redor da Europa", acrescenta Hill.
Collina acredita que o tratado em questão era de vital importância, uma vez que foi primeiro a eliminar as armas nucleares e representou uma mudança nas relações entre os EUA e a União Soviética.

"Foi realmente o começo do fim da Guerra Fria, foi o símbolo da melhoria das relações entre os dois países e uma mudança dramática na União Soviética, com a chegada de Mikhail Gorbachev ao poder", acrescenta Collina. Era a primeira vez em que os Estados Unidos e a União Soviética "se propuseram a reduzir e eliminar seus arsenais nucleares", disse o especialista.

"Foi um precedente muito importante para os pactos que foram feitos mais tarde sobre a redução e a eliminação das armas nucleares com rigoroso controle."

Rússia
Apesar da diplomacia dos Estados Unidos ter se manifestado oficialmente apenas na terça-feira, divulgando a queixa, em determinados círculos o assunto já era comentado há meses. Em abril, em depoimento perante o Congresso, Anita Friedt, secretária-assistente de Política Nuclear e Estratégica, havia tratado da preocupação do Departamento de Estado sobre o assunto do Tratado INF.

"Nós comunicamos a Rússia e estamos pressionando para obter respostas claras, para resolver as nossas preocupações devido à importância do Tratado INF na segurança euro-atlântica", disse Friedt na ocasião.

Em janeiro, o jornal americano The New York Times relatou contatos de Washington com seus aliados da Otan para informar evidências de que um míssil russo levantou dúvidas sobre o cumprimento do tratado. A Rússia tem falado pouco sobre o assunto. Para o correspondente da BBC Nick Childs, Moscou terá várias soluções possíveis.

"Argumentar que os americanos estão simplesmente enganados e que seus mísseis estão abaixo da faixa de alcance proibida é uma delas", diz Childs.

"Outra possibilidade é argumentar que o tratado se tornou obsoleto, que outros países estão desenvolvendo mísseis semelhantes e que, afinal, os Estados Unidos abandonaram o tratado de mísseis balísticos quando foi conveniente."

Mas, acima de tudo, está uma das razões pelas quais a Rússia há muito tempo considera que o Tratado INF é injusto: enquanto os Estados Unidos não sofre nenhuma ameaça desses mísseis, a Rússia sofre, especialmente na China.

A tensão entre os Estados Unidos e a Rússia, por conta da crise na Ucrânia e da queda do voo MH17 da Malaysia Airlines, se intensificou com o relatório anual sobre o cumprimento do controle de armas em que a Obama acusa Moscou de violar o tratado.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/08/140731_tratado_russia_eua_kb.shtml