segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Geólogos estudam uso do Aquífero Guarani para aliviar crise

Seca no Sistema Cantareira, em São Paulo: geólogos estudam utilização do Aquífero Guarani

São Paulo - Geólogos da Universidade de São Paulo (USP) elaboram um estudo para saber se é possível retirar água do Aquífero Guarani para abastercer a região de Piracicaba, aliviando o Sistema Cantareira.

A proposta é analisar a viabilidade da construção de 24 poços artesianos no município de Itirapina, região oeste do estado, onde o aquífero pode ser acessado de forma rasa.

A análise será apresentada, em aproximadamente um mês, ao comitê criado pelo governo estadual para administrar a crise hídrica no Cantareira. Hoje (27), o sistema chegou a 13% da capacidade de armazenamento, após o início da utilização da segunda cota do volume morto.

O professor Reginaldo Bertolo, do Instituto de Geologia, explica que o estudo inclui a simulação, por meio de um modelo matemático, da extração de 150 mil litros de água por hora.

“Queremos avaliar se o aquífero suporta essas vazões em longo prazo”, apontou. A análise baseia-se em um artigo publicado em 2004 por um grupo da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

De acordo com o trabalho, a região de Piracicaba fica distante cerca de 60 quilômetros (km) em linha reta, o que diminui os custos de um transporte da água direta para a capital.

Outra vantagem é que o desnível geográfico entre as regiões de captação e consumo favorece o deslocamento.

Mesmo em fase de pré-viabilidade técnica, Bertolo acredita que essa pode ser uma alternativa interessante para o abastecimento de parte da região que deveria receber água do Cantareira.

Ele destaca, no entanto, que é preciso fazer o uso sustentável dessa água para evitar novas crises. “A gente precisa ter a recarga no aquífero para que ele continue dando água. Se a gente tiver em longo prazo a certeza de que a chuva vai continuar caindo e o aquífero recarregado, uma vazão de 1 metro cúbico por segundo é uma vazão segura”, apontou.

O Aquífero Guarani é a maior reserva estratégica de água doce da América Latina.

Atualmente, o aquífero abastece a maior parte das cidades do oeste paulista. “Observe que a crise de abastecimento de água está mais crítica nos municípios do centro-leste do estado”, avaliou.

Isso ocorre, segundo Bertolo, porque eles têm maior segurança hídrica com a água oriunda dos aquíferos Bauru e Guarani.

Entre os municípios abastecidos dessa forma, o professor destaca Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Araçatuba, Presidente Prudente, Marília, Bauru, entre outros.

Ele explica que a profundidade das águas subterrâneas exige tecnologia complexa de engenharia, similar à utilizada para encontrar petróleo, para cavar os poços profundos.

Fonte: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/geologos-estudam-uso-do-aquifero-guarani-para-aliviar-crise

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Resultado da eleição pode afetar relação com EUA?

Muitos afirmam que Lula continuou a  macro-política-econômica de FHC, outros afirmam que Dilma não conseguiu suceder os projetos do seu antecessor. E o psdbista mineiro, se eleito? Vai romper, totalmente, com os projetos brasileiros no âmbito comercial? Pelos discursos, será que o netinho do vovô romperá com o Mercosul? Será que se renderá aos EUA?

Washington crê que não e analistas entendem que Dilma e Aécio adotarão medidas parecidas em relação ao comércio bilateral entre os países.

Resultado da eleição pode afetar relação com EUA?
Alessandra Corrêa
De Winston-Salem (EUA) para a BBC Brasil
Para analistas ouvidos pela BBC Brasil, diferenças entre Dilma e Aécio em relação aos EUA são pequenas

Mais de um ano depois das revelações sobre o alcance da espionagem dos Estados Unidos no Brasil, as relações entre os dois países ainda estão longe de um reaquecimento, e há pouca expectativa em Washington de que haja mudanças profundas após a eleição presidencial brasileira.

Apesar de verem alguns sinais de abertura por parte do governo Dilma Rousseff (candidata à reeleição pelo PT) e a possibilidade de um diálogo mais intenso na área de comércio caso Aécio Neves (candidato do PSDB) seja eleito, analistas americanos afirmam que as diferenças entre os dois candidatos são pequenas no que se refere às relações bilaterais.

"As expectativas em relação a Dilma ou Aécio são bem menos distantes do que se poderia pensar", disse à BBC Brasil o cientista político Matthew Taylor, da American University, em Washington.
"A grande questão é: um governo Aécio traria um grau maior de mudança (nas relações bilaterais) do que o visto sob o PT? E eu não estou certo disso", afirma.

Para Taylor, parte da explicação está no próprio histórico dos dois países, que constantemente se posicionam em lados opostos em questões como os recentes conflitos na Líbia, na Síria ou na Ucrânia.

"Há um problema nas relações entre Brasil e EUA que está mais enraizado do que qualquer escândalo em particular", afirma.

"Acho que o Brasil é historicamente desconfiado da hegemonia dos EUA. E isso não é algo do governo do PT, isso vem desde os anos 1950 ou até antes, tem a ver com questões de soberania e autodeterminação na política externa", ressalta.

Espionagem e algodão
O mais recente abalo nas relações bilaterais ocorreu no ano passado, quando informações vazadas por Edward Snowden, ex-técnico da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês), revelaram que empresas brasileiras e a própria presidente Dilma haviam sido alvo de espionagem americana.

Após o escândalo, Dilma cancelou a visita de Estado que faria a Washington. Desde então, a reaproximação entre os dois países tem sido lenta.

No início deste mês, o anúncio de um acordo para encerrar uma disputa comercial de mais de uma década provocada pelos subsídios pagos pelos EUA a seus produtores de algodão foi visto como um passo positivo, mas ainda insuficiente para deixar o mal-estar completamente para trás.

"Creio que o sentimento, tanto em Brasília quanto em Washington, é de que a questão da NSA, o cancelamento da visita de Estado, tudo isso ainda está muito no ar", disse à BBC Brasil o cientista político Riordan Roett, diretor do programa de estudos da América Latina da Universidade Johns Hopkins, em Washington.

Para Roett, o problema nas relações bilaterais não é uma questão de antagonismo, mas sim de oportunidades perdidas.

"Não parece haver uma agenda comum. No nível burocrático, tenho certeza de que tudo funciona perfeitamente bem. Estamos falando de vistos, esse tipo de questão técnica. Mas em termos mais amplos de geopolítica, nas questões importantes, simplesmente não parece haver muito diálogo", afirma.

Comércio
Uma das poucas diferenças mencionadas por brasilianistas entre um novo governo Dilma ou um eventual governo Aécio no que se refere à relação com os EUA estaria nas perspectivas para o comércio.

"Acho que o único setor em que pode haver uma distância maior entre um governo Dilma ou um governo Aécio é o comércio. Especialmente se Aécio estiver disposto, como parece, a se afastar do Mercosul", afirma Taylor.

Mas mesmo nesse ponto, a expectativa sobre possíveis mudanças é vista com cautela.

"A grande questão em Washington neste momento é até que ponto o Brasil estaria realmente disposto a se comprometer com um acordo ou uma aproximação em relação ao comércio", afirma Taylor.

O cientista político ressalta que, apesar de algum tipo de acordo bilateral de comércio ser considerado "uma boa ideia em princípio", haveria várias dificuldades. "O diabo está nos detalhes", diz

Ideologias
De um modo mais geral, porém, a ideia em Washington é a de que, seja quem for o eleito, as relações bilaterais devem se manter no clima atual.

"Os EUA vão ter de lidar com o Brasil de um jeito ou de outro. É um país grande", disse à BBC Brasil o economista Mark Weisbrot, codiretor do centro de estudos econômicos Center for Economic and Policy Research, em Washington.

"Terão relações decentes com quem quer que seja o eleito", afirma Weisbrot.

Os analistas lembram que uma peculiaridade nas relações entre os dois países é o fato de que sua qualidade não costuma ser reflexo da ideologia dos ocupantes da Presidência.

"Acho que a grande ironia dos últimos 20 anos das relações entre Brasil e EUA é que alguns dos melhores momentos ocorreram sob o comando de presidentes ideologicamente muito diferentes, como a (boa) relação entre Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush. E alguns dos momentos mais tensos ocorreram sob presidentes que pareciam ideologicamente mais próximos", ressalta Taylor.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141020_eleicoes2014_relacao_eua_ac_cq

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Manifestações Pró-democracia em Hong Kong

Mais um movimento separatista eclode na Ásia: A ex-colônia britânica, Hong Kong, está passando por uma onda de manifestações pró-democracia há pelo menos duas semanas. O protesto já é o maior desafio do governo chinês desde o movimento pró-democracia da Praça da Paz Celestial de 1989.

Manifestantes pró-democracia resistem e erguem barricadas em Hong Kong
Dezenas de milhares bloqueiam ruas apesar de pedido do líder da região por um fim imediato dos protestos. China apoia maneira como autoridades do território autônomo estão lidando com "atos ilegais"
por Deutsche Welle — publicado 30/09/2014 09:42

Manifestante pró-democracia erguem barricadas e ignoraram o apelo do chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, que pediu um fim imediato para os protestos

Dezenas de milhares estenderam o bloqueio a ruas de Hong Kong nesta terça-feira 30, estocando alimentos e erguendo barricadas improvisadas, indicando que se preparam para uma longa permanência no local. Os manifestantes pró-democracia ignoraram o apelo do chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, que pediu um fim imediato para os protestos.

Ao se manifestar publicamente pela primeira vez desde que a polícia usou gás lacrimogêneo contra os manifestantes no fim de semana, Leung disse na terça-feira que os protestos organizados pelo movimento Occupy Central estavam "fora de controle" e pediu que "parassem a campanha imediatamente".

Os líderes das manifestações rejeitaram as demandas de Leung e continuam pedindo que ele deixe o governo. "Se Leung Chun-ying anunciar sua renúncia, esta ocupação será interrompida ao menos por um curto período de tempo, e decidiremos sobre os próximos passos", disse o cofundador do Occupy Central, Chan Kin-man.

Leung disse que "atos ilegais", como classifica os protestos, não conseguiriam fazer com que o governo central chinês mudasse sua decisão sobre as regras eleitorais em Hong Kong. Os manifestantes querem o direito de escolher livremente seus candidatos, mas Pequim insiste em limitar as eleições de 2017 a um número restrito de nomes fiéis ao governo, com temores de que os apelos pró-democracia se espalhem para outras áreas de seu território.

Espera-se que os protestos ganhem ainda mais força na quarta-feira, o Dia Nacional da China. Representantes do Occupy Central estimam que 100 mil pessoas vão se juntar às manifestações na noite de terça para quarta-feira.

Também circulam rumores de que os policiais estariam se preparando para agir novamente. Após ter usado spray de pimenta e gás lacrimogêneo contra os manifestantes no domingo, a polícia recuou na segunda-feira para aliviar as tensões.

China e Reino Unido
A China disse apoiar a maneira como as autoridades de Hong Kong estão lidando com os protestos. "Acreditamos totalmente no governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong e o apoiamos para lidar com esse problema", disse o porta-voz do Ministério do Exterior, Hua Chunying. "Somos contra qualquer ato ilegal em Hong Kong."

O presidente chinês, Xi Jinping, não se manifestou sobre os protestos. Entretanto, a mídia estatal chinesa afirmou na terça-feira que Pequim não recuará diante dos protestos. "O governo central não recuará só por causo do caos criado pelos oposicionistas", escreveu o Global Times.

Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse estar extremamente preocupado sobre os enfrentamentos entre a polícia e milhares de manifestantes em Hong Kong. Quando perguntado se sentia uma obrigação de se manifestar sobre eventos em Hong Kong, o premiê disse: "É claro que sim".

A China governa Hong Kong através de uma fórmula de "um país, dois sistemas", que confere à ex-colônia britânica relativa autonomia e liberdades das quais os chineses não desfrutam, com o voto universal estabelecido como um eventual objetivo.

"Quando chegamos ao acordo com a China, havia detalhes neste compromisso sobre a importância de dar à população de Hong Kong um futuro democrático dentro dessa abordagem de dois sistemas [...], então, é claro que estou extremamente preocupado com o que está acontecendo e espero que o problema possa ser resolvido", declarou Cameron.

A agitação em Hong Kong é a pior desde que a China retomou a ex-colônia britânica, em 1997. O porta-voz Hua repreendeu as declarações de outros países sobre as manifestações. "Pedimos cautela às partes estrangeiras e que elas não interfiram em assuntos internos da China de maneira alguma."
http://www.cartacapital.com.br/internacional/manifestantes-pro-democracia-resistem-e-erguem-barricadas-em-hong-kong-6214.html


Manifestantes suspendem tentativa de diálogo em Hong Kong
Líderes de um grupo de estudantes pró-democracia em Hong Kong adiaram negociações com o governo após manifestantes se envolverem em brigas com oponentes.
3 outubro 2014

Manifestantes suspenderam negociação com governo após serem atacados por opositores
O grupo afirmou que o governo está falhando em proteger os manifestantes. Eles estão descontentes com planos da China de vetar candidatos para a eleição para Chefe Executivo de Hong Kong.

A ex-colônia britânica está passando por uma onda de manifestações pró-democracia há pelo menos duas semanas. O protesto já é o maior desafio do governo chinês desde o movimento pró-democracia da Praça da Paz Celestial de 1989.

O movimento foi iniciado por estudantes que posteriormente recebeu o apoio de ativistas do grupo Occupy Central, que prega a desobediência civil em uma luta pró-democracia.

A China marcou a primeira eleição do Chefe Executivo de Hong Kong para 2017, mas no fim de setembro estabeleceu normas para poder controlar quem poderá se candidatar – deflagrando a onda de protestos.

Desde que foi entregue pela Grã-Bretanha ao Estado chinês em 1997, Hong Kong goza de liberdades especiais concedidas por Pequim. Seu Chefe Executivo, Leung Chun-ying foi escolhido pela última vez em 2012 por meio de um conselho.

Chun-ying fez uma proposta de negociação aos manifestantes depois que eles começaram a clamar por sua saída do cargo.

Porém tumultos foram iniciados na quinta-feira quando grupos de pessoas aparentemente descontentes com a paralização do centro de Hong Kong tentaram desmontar tendas e barricadas.

Promessa quebrada
A Federação de Estudantes de Hong Kong, que foi convidada a participar de negociações com o governo na quarta-feira, afirmou em comunicado que havia "adiado" as conversas. Mas uma nova data não foi divulgada.

"O governo deixou a máfia atacar os participantes do (movimento) Occupy. Ele interrompeu o caminho para o diálogo e deve se responsabilizar pelas consequências", afirmou o grupo.

"O governo não cumpriu sua promessa. Nós não temos escolha exceto adiar a negociação".

Porém não ficou claro se o comunicado reflete a posição de outros grupos envolvidos no protesto.

O líder do movimento Occupy Central, Benny Tai, afirmou à BBC que seu grupo ainda estava considerando um boicote às negociações. Mas disse também que a situação de ataques contra os manifestantes não poderia continuar.

"Nesse ponto é muito, muito difícil manter qualquer senso de diálogo se o governo não impedir que essas coisas aconteçam com manifestantes pacíficos", disse. O governo não se manifestou sobre o adiamento.

Apenas uma brincadeira
No distrito commercial de Mong Kok, na península de Kowloon, oponentes dos manifestantes tentaram desmontar as tendas.

Mais tarde, manifestantes pró-democracia se concentraram na área superando largamente em número seus oponentes, segundo o correspondente da BBC Martin Patience.

Eles começaram a cantar: "Voltem para o continente". Muitos ativistas suspeitam que os opositores do protesto tenham sido organizados pelos governos da China ou Hong Kong.

Contudo, só a sua presença é um lembrete de que nem todos em Hong Kong estão apoiando os manifestantes, segundo o correspondente.

Segundo Patience, parte dos opositores parecem ser residentes locais furiosos com a paralização.

"Eu não apoio o Occupy Central. Nós temos que trabalhar para fazer dinheiro. O Occupy é só uma brincadeira", disse um trabalhador da construção civil identificado apenas como Lee, em uma entrevista à agência de notícias AFP.

"Nos devolvam Mong Kok, nós de Hong Kong precisamos comer", disse outro homem.

Conflitos semelhantes ocorreram em Causeway Bay, na ilha de Hong Kong, onde residentes tentaram remover barricadas armadas por manifestantes pró-democracia.

Os escritórios governamentais na área dos protestos foram fechados e os funcionários foram orientados a trabalhar em suas casas.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141002_hong_kong_impasse_lk

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Por que o Brasil parou de crescer?


Por que o Brasil parou de crescer?
Ruth Costas
Da BBC Brasil em São Paulo
Atualizado em  15 de setembro, 2014 - 06:02 (Brasília) 09:02 GMT

Agora é oficial: o Brasil parou de crescer. É verdade que a desaceleração não ocorreu de repente. Nos últimos três anos, o PIB teve uma expansão tímida de 2,7%, 1% e 2,5%, respectivamente, menor do que na década de 2000 e 2010, quando, mesmo com duas crises financeiras internacionais, o crescimento médio foi de 3,7% ao ano.

Mas foi o anúncio do IBGE de que a economia brasileira teve uma retração de 0,2% no primeiro trimestre e 0,6% no segundo que parece ter feito até o governo admitir que o país chegou em uma encruzilhada.

"Gostaria que o Brasil estivesse crescendo em um ritmo mais acelerado", reconheceu a presidente Dilma Rousseff.

O dado levou Dilma a prometer mudanças em sua política e equipe econômica em um eventual segundo mandato e analistas "do mercado" revisaram suas expectativas de expansão do PIB para este ano pela 15ª vez consecutiva - para 0,48%.

Segundo o serviço Broadcast, da Agência Estado, até a estimativa oficial do governo, de um crescimento de 1,8% em 2014, já estaria sendo revista - embora não esteja claro para quanto, especialmente depois da ligeira recuperação da economia em julho, registrada no índice IBC-Br, do Banco Central.

A questão é que se há consenso de que temos um problema, suas causas ainda estão longe de ser unanimidade.

O governo atribuiu a freada ao contexto internacional desfavorável e uma onda de "pessimismo" em parte motivada por questões políticas.

Ao explicar o caso específico dos números negativos do segundo trimestre, também culpou os feriados da Copa do Mundo pela queda da atividade de setores como varejo e indústria.

Já economistas, analistas de mercado e consultorias apontam erros na condução da política econômica – também destacados por candidatos da oposição.

Numa tentativa de mapear esse debate, a BBC Brasil fez uma compilação das "hipóteses" sobre o que, afinal, teria contribuído para empurrar o país desse patamar de 3,7% de crescimento para o que internacionalmente se convenciona chamar de "recessão técnica". 

Confira abaixo o resultado:

Contexto Internacional
Há certo consenso de que o cenário externo não ajudou o Brasil nos últimos anos, ao contrário do que ocorreu na década passada - embora o governo atribua a esse fator um peso muito maior que economistas críticos da atual política econômica.

"Vivemos um período muito diferente daquele em que a economia mundial crescia 4,4% e todos comiam o mamão com açúcar da globalização", resumiu, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o presidente da Vale, Murillo Ferreira.

Em 2010, ano em que o país cresceu 7,5%, a expansão da economia internacional foi de 5,2%.  Já em 2014, a estimativa é que cresça 3,3% segundo o FMI e 2,7% segundo a ONU. Em 2013, o crescimento foi de 2,3%. Essa mudança de contexto afetaria desde o nível das exportações, até a atração de investimentos e expectativas dos investidores domésticos. 

O país também estaria sofrendo os efeitos da desaceleração da China e da queda no preço das commodities no mercado internacional.

"Mas também é preciso considerar os limites dessa influência do cenário externo", opina Alessandra Ribeiro, economista da consultoria Tendências.

"Mesmo com um cenário desfavorável, outros países conseguiram crescer muito mais que o Brasil, por exemplo."

De 2011 a 2013, o PIB dos países latino-americanos cresceu 3,1% ao ano em média. A média da Aliança do Pacífico - Colômbia, Peru, Chile e México - foi de 4,6%, e a dos emergentes, de mais de 5%.

Já o Brasil cresceu a um ritmo de 2% ao ano.

Deterioração da Expectativa
Outra hipótese sobre a qual há certo consenso diz respeito às "expectativas negativas" que estariam achatando os investimentos.

O governo, porém, tem dado a entender que esse "pessimismo" seria politicamente motivado enquanto consultorias econômicas e analistas do mercado o atribuem às incertezas ligadas à condução da política econômica.

"O mesmo pessimismo que se tinha em relação à Copa está havendo em relação à economia brasileira. E no caso da economia é mais grave, porque a economia é feita de expectativas", disse Dilma recentemente.

Na entrevista à Folha, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, parece ter endossado o argumento governista sugerindo que haveria um "Fla-Flu" político entre a administração do PT e o mercado financeiro e industriais de São Paulo.

"A política em São Paulo está muito rancorosa", disse.

Para Marcelo Moura, economista do Insper, porém, "é bobagem" pensar que os empresários deixariam de investir para "atrapalhar" o governo.

"Os empresários e investidores querem retorno: vão investir sempre que calcularem que podem obter lucro com isso. Imagina se iriam arriscar seus ganhos por questões políticas ou ideológicas", diz ele.

"A questão é entender por que essas expectativas estão tão negativas. Por que os empresários não estão investindo? E aí a resposta estará provavelmente ligada às incertezas provocadas pela péssima condução da política econômica", opina.

Abandono do “tripé”
Essa é uma hipótese defendida por economistas críticos ao governo: a de que o suposto abandono do chamado "tripé" macroeconômico, teria contribuído para a desaceleração.

O termo refere-se à política que combina metas fiscais, metas de inflação e câmbio flutuante - adotada para garantir a estabilidade da economia no final dos anos 90, quando o sistema de câmbio fixo ruiu.  A lógica é que, com a flexibilização dessa política, a inflação corroeria a renda das famílias e os empresários hesitariam em investir.

Durante o governo Dilma, anunciou-se a transição para a chamada "nova matriz econômica", que combinaria juros baixos, taxa de câmbio "competitiva" e uma "consolidação fiscal amigável ao investimento e ao crescimento", nas palavras do secretário de Política Econômica da Fazenda, Márcio Holland.

Segundo economistas ortodoxos, o fato de o Banco Central (BC) ter sido obrigado a voltar a elevar os juros seria uma prova do fracasso da "nova matriz".

O governo nega, porém, que o "tripé" tenha sido "substituído". Diz que, apesar de a inflação rondar os 6,5%, está dentro da meta definida pelo BC, de 4,5% com tolerância de 2 pontos percentuais para cima e para baixo. Ao menos oficialmente, também garante que a meta de superávit primário, de 1,9% do PIB, ainda pode ser alcançada.

Para economistas como Ribeiro, da Tendências, e Mauro, do Insper, o grande problema é como as metas têm sido atingidas nos últimos anos.

Mauro diz que, no caso das metas fiscais, o governo vem lançando mão da chamada "contabilidade criativa" - manobras contábeis que fariam parecer que se estaria economizando recursos, quando na realidade isso não ocorreria. Por exemplo: o tesouro faz repasses ao BNDES, que empresta para estatais, que pagam dividendos ao governo. Os dividendos entram como receita, mas os repasses não são contabilizados como despesas.

No caso das metas de inflação, Ribeiro faz coro com economistas que denunciam a represa de preços administrados, como energia e combustíveis, para segurar o índice.

"Isso tem criado uma série de desequilíbrios", diz ela. "A Petrobras, por exemplo, deve ter sua capacidade de investimento afetada por não poder repassar a alta de seus custos aos consumidores."

Desgastes do Modelo
De acordo com os defensores dessa hipótese, na segunda metade dos anos 2000, o país teria crescido em função do aquecimento do seu mercado interno e medidas de estímulo ao consumo, mas teria faltado empenho para a ampliação dos investimentos. O resultado seria o desgaste desse "modelo de crescimento baseado em consumo".

De fato. Nos últimos três anos o nível dos investimentos na economia brasileira caiu do patamar dos 19,5% do PIB - já considerado baixo - para cerca de 17%.

"O governo achava que, ao estimular o consumo, os investimentos viriam naturalmente e não foi o que ocorreu", acredita Ribeiro, da Tendências. "O resultado foi uma inflação de demanda, por falta de produtos."

Em um primeiro momento, medidas anticíclicas ligadas à expansão do crédito e gastos do governo ajudaram a evitar que o Brasil fosse duramente atingido pelos efeitos da crise internacional de 2008, como explica André Biancarelli, economista da Unicamp.

Mesmo Michael Reid, colunista da revista liberal Economist e autor deBrasil: A Ascensão Turbulenta de uma Potência Global, admite que tais políticas foram efetivas em 2008 e 2009.

"Mas as medidas de estímulo deveriam ter sido interrompidas uma vez que a economia começou a se recuperar", opina Reid. "Se o governo tivesse rapidamente voltado a focar no superavit fiscal a partir de 2010, as taxas de juros e a inflação seriam hoje menores e o Brasil estaria crescendo mais."

Já Biancarelli discorda da tese do "esgotamento do modelo de crescimento baseado em consumo". Para ele, o dinamismo do mercado interno brasileiro é um dos trunfos do país em seus esforços para retomar o crescimento - e impor medidas que reduzam esse dinamismo seria "arriscado".

Problemas Estruturais
Por essa hipótese, o maior problema não seria o que o governo fez nos últimos anos, mas o que deixou de fazer.

A ideia é que a única forma de garantir o crescimento do PIB no médio e longo prazo teria sido reduzir os problemas estruturais que afetam a competitividade das empresas brasileiras - como a complexa burocracia e sistema tributário do país, as deficiências de infraestrutura e a escassez de mão de obra qualificada.

Sem reformas de peso nessas áreas, seria esperado que, cedo ou tarde, o crescimento arrefecesse. "Temos problemas de logística graves, um sistema tributário intrincado e uma legislação trabalhista anacrônica", diz Helio Zylberstein, economista da USP.

"Sem resolver questões como essas será difícil fazer avanços na produtividade das empresas brasileiras - o que é essencial para retomarmos o crescimento".

Para Mauro, do Insper, se continuar a adiar as reformas e investimentos para amenizar esses problemas, o Brasil pode abandonar o sonho de ser um país desenvolvido. "Não dá para querer ser desenvolvido crescendo 3% em ano em que a economia vai bem", opina.

"Precisamos passar para o patamar dos 5%, 6% de crescimento, ou mais - e sem desatar esses nós estruturais isso nunca vai ocorrer."

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/09/140905_brasil_parou_entenda_ru.shtml

domingo, 24 de agosto de 2014

Os podres do nosso lixo

Os podres do nosso lixo
Líder na produção de resíduos per capita no país e sem aterros sanitários, Brasília ainda tenta se livrar do atraso nesse setor
21.ago.2014 17:54:21 | por Lilian Tahan e Paulo Lannes
Lixão da Estrutural: o maior depósito a céu aberto da América Latina (Foto: Roberto Castro)


É comum usarmos mais tempo para acompanhar os últimos lançamentos tecnológicos do que para debater a destinação dos nossos adorados bens de consumo, que se tornaram imprescindíveis na vida moderna. Natural. Queremos olhar para a frente, para o novo, e pensar no velho, no que já não nos serve mais, parece não fazer sentido. Apesar de indigesto, remexer e discutir nossas sobras é mais que um desafio, trata-se de uma necessidade, especialmente no Distrito Federal, endereço do maior lixão a céu aberto do país e recordista nacional na produção de resíduos sólidos urbanos por pessoa.

Vamos ao exemplo do tântalo. Durante décadas, o mineral usado como matéria-prima na confecção de celulares e smartphones era encontrado em abundância na natureza. Os especialistas preveem que em vinte anos as únicas jazidas desse metal serão os lixões e os aterros sanitários, para onde vão os telefones rejeitados. Isso também deve ocorrer com a prata, o cobre e o índio — presentes na tela plana de TVs e computadores. Quando esses minerais voltam para o meio ambiente em forma de resíduos não processados, têm o poder devastador de contaminar lençóis freáticos e espalhar doenças graves, como o câncer.

Um completo estudo sobre o tema foi realizado recentemente pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Segundo o levantamento, que reúne dados de 2013, cada brasiliense gera por dia 1,5 quilo de lixo. É quase o triplo do índice de Santa Catarina, o dobro do de Minas Gerais, 22% a mais que no Rio de Janeiro e 15% acima da quantidade por habitante do Estado de São Paulo — a média nacional é de 1,04 quilo. Tem mais. Nos reduzidos limites geográficos do DF, são produzidas 4 326 toneladas de lixo por dia, número superior ao dos estados de Mato Grosso, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Maranhão — todos com população maior do que a candanga.
Apesar de a capital ostentar a liderança na fabricação de lixo, ainda está longe de seguir a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Neste mês, Brasília passou oficialmente a descumprir várias normas que estabelecem práticas sustentáveis na gestão do lixo. Aprovada em 2 de agosto de 2010, a Lei Federal 12305 prevê, entre outras medidas, que as cidades tinham quatro anos para acabar com os lixões a céu aberto. Mas o que se vê a 10 quilômetros do Congresso Nacional, onde essa legislação foi debatida durante duas décadas, é uma imagem desalentadora. Urubus e catadores ainda lutam pela sobrevivência nas montanhas de sobras descartadas pela população com a maior renda per capita do país. “Eles vivem em situação subumana. Muitos se machucam, adoecem e até morrem. São invisíveis para a sociedade e para o Estado”, afirma o procurador Valdir Pereira da Silva. Há um ano e meio ele conduz pelo Ministério Público do Trabalho um inquérito civil que investiga a atuação de 1 200 catadores no lixão da Estrutural, o maior da América Latina. Segundo o procurador, apenas em 2014 três pessoas perderam a vida nesse cenário. Foram vítimas dos perigos de lidar diretamente com os resíduos, sem acesso a nenhuma infraestrutura de apoio.

Pelas características de país-continente e de potência em desenvolvimento, o Brasil é a terceira nação do planeta que mais acumula lixo. São 189,2 toneladas de sobras por dia. Perde só para a China e os Estados Unidos. Inversamente proporcional às montanhas de restos, no entanto, está a destinação correta desse material. O Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, elaborado pela Abrelpe, mostra que 41,7% do que é jogado fora no país não passa por um processamento adequado, algo equivalente a 79 000 toneladas por dia. É como se, a cada 24 horas, 158 000 contêineres abarrotados com todo tipo de lixo fossem despejados em lugares impróprios.

Se a situação do Brasil é alarmante, a da região que abraça sua capital está ainda pior. No Centro-Oeste, para cada quilo de lixo gerado, 700 gramas vão para lixões. Em Brasília, 65,8% de tudo o que é rejeitado toma um rumo descabido do ponto de vista da sustentabilidade. “Na capital do país, que deveria dar o exemplo, ainda faltatoda uma rede de infraestrutura por parte do governo, além de mais consciência ambiental da sociedade”, considera o presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho. Ele explica que o lixo é um dos indicadores de prosperidade. Quanto mais poder aquisitivo tiver a população, maior será o consumo e, consequentemente, a quantidade de resíduos produzidos. Silva Filho alerta, porém, que essa lógica não justifica a má administração dos rejeitos. “Se a sociedade cresce economicamente, precisa estar pronta para lidar com seu lixo.”


Entre 8 e 11 de setembro, haverá uma boa oportunidade de olhar exemplos de fora durante o Congresso Mundial de Resíduos Sólidos da Iswa (International Solid Waste Association). O evento, considerado o maior fórum de discussão sobre o tema, ocorrerá pela primeira vez no Brasil, em São Paulo. Durante os debates, representantes de 56 países vão expor experiências bem-sucedidas no tratamento das sobras. A comitiva de Copenhague, por exemplo, apresentará uma referência de como aumentar o potencial do lixo. Na capital da Dinamarca, parte da energia elétrica consumida pela população vem dos resíduos. Lá, o índice de reciclagem é de 50%, um dos maiores do mundo. Em Brasília, que engatinha na coleta seletiva, iniciada há seis meses, esse porcentual chegou a 8,3%. Nesse congresso mundial em São Paulo, os participantes também poderão saber como os austríacos garimparam mais ouro no lixo do que nas minas. Terão a chance ainda de beber na fonte dos peruanos, que, mesmo com uma realidade econômica menos favorável do que a da Áustria, conseguiram aumentar a receita do setor de resíduos, evitando o desperdício e transformando restos em gás natural. No caso da italiana Milão, seus gestores anunciam explicações sobre como converter matéria orgânica em fertilizante para praças e parques urbanos.

Infelizmente, os bons exemplos europeus e até de vizinhos da América Latina tratam de estágios distantes da realidade local. Aqui há, primeiro, que seguir itens mais básicos da cartilha sobre o destino correto de resíduos sólidos. Fechar o lixão da Estrutural e passar a operar o aterro sanitário é o mais urgente deles. Mesmo essa providência primária parece improvável a curto prazo. As obras do aterro de Samambaia estão inconclusas e não há data definida para inaugurá-lo. No lugar, haverá três valas de 5 metros impermeabilizadas e ligadas a um duto. Essa tubulação levará o chorume — líquido que se forma pela decomposição de matéria orgânica — para uma estação de tratamento. Diretor-geral do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) do DF, Gastão Ramos reconhece que a estrutura já deveria ter sido entregue, mas divide a responsabilidade pelo atraso com gestões passadas e outros órgãos envolvidos na operação, como o Tribunal de Contas, que tem um histórico de embargos nos processos que envolvem o lixo. Ramos lembra que, durante um longo período, a administração dos resíduos no DF foi prejudicada por disputas políticas e de interesse econômico. Entre 2007 e 2010, o governo terceirizou essa tarefa a empresas mantidas por meio de contratos emergenciais, sem o expediente da concorrência pública. Essa rotina do improviso, no melhor dos cenários, facilitou o desperdício e, no pior, favoreceu o sobrepreço de serviços bancados com o dinheiro da sociedade. Hoje, cada família brasiliense desembolsa, em média, 160 reais por ano para o financiamento da limpeza pública, segundo estimativa da Secretaria de Fazenda.

Se o custo individual para os cidadãos parece não ser tão alto, a soma dos valores pagos representa uma fatia milionária no bolo do orçamento. Por ano, o GDF utiliza 390 milhões de reais para administrar seus resíduos. O valor já foi mais alto. “Cortamos 47% dos gastos administrativos. Mas ainda trabalhamos para enxugar essa estrutura e otimizar os serviços”, diz o diretor-geral do SLU. Ele afirma que, em sua gestão, tomou medidas saneadoras, como a abertura de 173 processos administrativos disciplinares. As ações internas resultaram na demissão de seis gestores a bem do serviço público. Em um futuro breve, o SLU programa pôr em operação quatro centros de triagem para acolher os catadores, hoje organizados em 32 cooperativas. Esses postos prometem oferecer espaço apropriado, máquinas de pesagem dos materiais recicláveis, refeitório e vestiário para os trabalhadores. “A gente não quer mais saber de planta que fica bonita na foto. Já passou da hora estabelecida por lei para o projeto existir na prática”, cobra Ronei Alves da Silva, que representa o Movimento Nacional de Catadores no DF.

Ao coro de Silva se une o deputado distrital Joe Valle (PSB). Ele coordena a Frente Parlamentar de Meio Ambiente na Câmara Legislativa e é autor da Política Distrital de Resíduos Sólidos. Aprovada na Casa, a lei local foi vetada pelo governador no último dia 15. “Não podemos mais evitar uma legislação que freia os desmandos do passado e põe a cidade no caminho da gestão politicamente correta do lixo”, diz Valle. VEJA BRASÍLIA teve acesso a uma auditoria inédita do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) que discrimina, na ponta do lápis, esses desmandos lembrados pelo político. A investigação é sobre a razoabilidade dos preços praticados em contratações emergenciais entre 2006 e 2012. Essa fiscalização dos auditores aponta superfaturamento em quatro etapas do processamento do lixo, desde a varrição de rua até o transporte dos resíduos. Trata-se de um prejuízo de 91,9 milhões de reais, atribuído às seis empresas que prestavam serviço para o SLU: Artec, Nely Transportes, Valor Ambiental, Engetécnica, Delta — que, em 2012, se envolveu em um escândalo nacional de fraudes e propinas — e Qualix, hoje em recuperação judicial. Atualmente, a maior fatia do serviço terceirizado pelo SLU está nas mãos da Sustentare, mantenedora do mesmo CNPJ da Qualix. “Hoje, nosso corpo diretivo é totalmente diferente”, afirma a assessoria de imprensa que representa a Sustentare.

A partir do relatório dos auditores, os conselheiros do TCDF determinaram ao SLU uma série de recomendações técnicas, como a fiscalização regular dos trabalhos para evitar novos episódios de desperdício e de superfaturamento. Uma sinalização clara de que, para se livrar do atraso e promover uma revolução do lixo na capital da República, governo e sociedade não poderão varrer essa sujeira para debaixo do tapete. 

http://vejabrasil.abril.com.br/brasilia/materia/os-podres-do-nosso-lixo-3100

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

SE CAVARMOS UM BURACO SAIREMOS NO JAPÃO?

Minha mãe me falava que se eu cavasse, cavasse, cavasse bem fundo... um dia sairia no Japão... Acho que ela estava errada!!!

Neste site você vai encontrar esta resposta, ao digitar um endereço ele vai encontrar seu ponto antípoda, ou seja, seu ponto contrário no globo. 

Bora lá conferir?!?


Acesse: http://www.antipodesmap.com/

domingo, 10 de agosto de 2014

EUA retomam ofensiva aérea no Iraque

Seja com Bush pai, Bush júnior, Clinton ou Obama, os Estados Unidos sempre se indispõe, em nome da "paz", com algum determinado grupo no Oriente Médio. A bola da vez é o grupo jihadista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) no norte do Iraque (Curdistão?!?!?!) para proteger a minoria yazidi.

Vale lembrar que, na nossa visão ocidentalizada, o termo Jihad é uma guerra, que tem o objetivo de transformar as pessoas em praticantes do islamismo e fazer com que eles pratiquem atentados e se tornem homens-bomba. 

Maomé, profeta do Islamismo, declarou que Jihad era uma guerra sagrada, que simbolizava a luta para converter o maior número de pessoas para a religião islâmica.

Já os muçulmanos, dizem que essa é uma definição equivocada, que Jihad não tem nada a ver com guerra, e sim no empenho que os praticantes devem ter em seguir a religião.

Mas quem são os Yazidis? 

Os yazidis são membros de uma das menores e mais incompreendidas religiões do Iraque - e por isso já foram perseguidos outras vezes. 

A religão dos yazidis combina elementos do zoroastrismo (prega a interpretação dualista do mundo, dividido entre as forças do bem e do mal. Os ensinamentos de Zoroastro, por volta do século VI a.C, afirmavam a existência de um deus supremo, que havia criado dois outros seres poderosos que dividiam sua própria natureza: Ormuzd seria a fonte de todo o bem, enquanto Ariman seria a origem do mal, depois que se rebeloucom Sufi Islã (o sufismo é uma linha mística do islamismo. Apesar de sua origem, sofreu perseguição dos muçulmanos em diversos momentos da história. A justificativa para isso era a ameaça ao monoteísmo do islamismo. Por outro lado, o Alcorão também serve como inspiração para o sufismo. Outra diferença do islamismo para o sufismo está na meditação, enquanto os primeiros creem que as cordas vocais e os instrumentos musicais estão ligados ao demônio, os segundos utilizam a música para alcançar um estado mental elevado que se aproxima do contato com Deus.e crenças que remontam à antiga Mesopotâmia.

Eles acreditam que Deus e 7 anjos protegem o mundo. Um deles, chamado Malak Tawous - que é representado na Terra na forma de um pavão - foi expulso do paraíso por ter se recusado a curvar-se para Adão.

Para os yazidis isso é considerado um sinal de bondade, mas os muçulmanos o enxergam como um anjo caído e enxergam os yazidis como adoradores do diabo. 

Além disso, os yazidis acreditam na reencarnação, o que faz com que o entedimento com os islâmicos seja ainda mais difícil. 

A religião tem um sistema de castas rigoroso, que determina quem pode casar com quem dentro da comunidade. Casar fora da comunidade é proibido.

Atualmente, existem cerca de 600 mil yazidis no mundo. A maioria está concentrada no Iraque, Irã, Turquia e Síria. 


Enfim, conceitos à parte, certo mesmo é o interesse dos EUA pelos recursos naturais da região e pelo incremento de sua indústria bélica (guerra é sempre lucrativo para empresários do ramo). 

Para esta semana dois artigos, um da Veja e outro da BBC, sobre os ataques. Boa leitura!!!



EUA lançam mais quatro ataques aéreos no Iraque           09/08/2014 - 21:21
Aviões e drones acertaram veículos blindados de terroristas no norte do país. ONU quer rastrear e bloquear as fontes de financiamento dos jihadistas.

Os Estados Unidos realizaram neste sábado outra série de bombardeios seletivos contra alvos do grupo jihadista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) no norte do Iraque para proteger a minoria yazidi que vive no Curdistão, reporta a rede CNN citando informações do Pentágono. 

O primeiro dos ataques foi feito por aviões de combate e drones (aeronaves não tripuladas), segundo o Comando Central dos Estados Unidos, encarregado do Oriente Médio.

O bombardeio teve como objetivo destruir dois veículos blindados que estavam disparando contra os yazidis perto do monte Sinjar.

Alguns minutos depois, durante outro ataque, um avião americano bombardeou e destruiu outros dois veículos blindados e um caminhão armado. 

O terceiro ataque deste sábado aconteceu quando uma aeronave americana destruiu um veículo blindado na mesma região.

Na sexta, duas séries de ataques aéreos americanos atingiram uma posição de artilharia do grupo jihadista, destruíram um comboio de militantes e mataram uma equipe de morteiro. 

Na manhã deste sábado, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou o êxito dos primeiros bombardeios seletivos contra os jihadistas do EIIL, mas reiterou a necessidade de se criar um governo de unidade no país. 

Obama fez um pronunciamento para analisar a situação na região autônoma do Curdistão iraquiano, após ter ordenado ataques aéreos e lançamentos de mantimentos para os cidadãos curdos cercados no Iraque.

“As forças americanas realizaram ataques aéreos dirigidos contra as forças terroristas nos arredores da cidade de Erbil [capital do Curdistão] para evitar o avanço sobre a cidade e para proteger nossos diplomatas americanos e o pessoal militar”, disse o presidente americano. 

Segundo Obama, os ataques “destruíram com sucesso armamento e equipamentos que os terroristas poderiam ter utilizado contra Erbil”.

Os EUA realizaram também duas séries de lançamentos de alimento e água para as dezenas de milhares de refugiados isolados no monte Sinjar, uma ajuda humanitária apoiada pelos governos da França e Grã-Bretanha.

Resolução – O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) está estudando uma minuta de resolução apresentada pela Grã-Bretanha  para condenar a ofensiva jihadista no Iraque e tentar enfraquecê-la cortando suas vias de financiamento. O texto propõe congelar os ativos financeiros de vários dirigentes do EIIL e ameaça com sanções qualquer pessoa ou organização que forneça apoio à milícia sunita. A minuta adverte que os terroristas estão recrutando novos membros por meio da internet e redes sociais.

Além disso, encoraja os governos a propor listas de nomes com indivíduos e entidades que apoiam esse e outros grupos jihadistas para sua inclusão urgente no regime de sanções da ONU. O texto também ordena a analistas das Nações Unidas a elaboração em um prazo de 90 dias de um relatório sobre a ameaça do EIIL e suas fontes de financiamento e de armas, junto a recomendações sobre como frear seu avanço. O Conselho de Segurança, que já se reuniu nesta semana para analisar os últimos eventos no Iraque, poderia votar a proposta de resolução nos próximos dias.
(Com agências EFE e France-Presse)
http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/eua-lancam-mais-quatro-ataques-aereos-no-iraque

EUA retomam ofensiva aérea no Iraque
Atualizado em  9 de agosto, 2014 - 21:28 (Brasília) 00:28 GMT
As Forças Armadas dos EUA anunciaram ter realizado neste sábado quatro novos ataques aéreos contra militantes do autodenominado Estado Islâmico (EI) no norte do Iraque.

Segundo um comunicado emitido pelos militares americanos, o objetivo da nova ofensiva seria defender integrantes da minoria religiosa Yazidi, que estariam sendo "atacados indiscriminadamente" perto da localidade de Sinjar.

De acordo com os EUA, em um primeiro momento caças e drones teriam destruído um tanque de guerra que estaria atirando contra civis. Em seguida, os caças americanos teriam localizado e atacado outros tanques e veículos blindados.

Esta é a terceira rodada de ataques aéreos dos Estados Unidos contra alvos no Iraque desde a última sexta-feira.

O presidente americano, Barack Obama, autorizou os ataques argumentando que eles são necessários para defender minorias étnicas ameaçadas pelo EI. 

A ofensiva marca uma novo envolvimento de forças americanas em operações militares no Iraque.

As tropas dos EUA deixaram o país no fim de 2011 e, em um pronunciamento neste sábado, Obama reiterou que não devem retornar. 

O presidente americano também disse acreditar que levará "algum tempo" para que os Estados Unidos possam ajudar o Iraque a se estabilizar.

Segundo Obama, esse seria um "projeto de longo prazo", no qual seria necessário renovar e reabastecer as Forças Armadas iraquianas, além de conquistar o apoio das populações sunitas do país. "Não acho que vamos resolver esse problema em semanas. Acho que isso vai levar algum tempo", disse o presidente dos EUA.

O avanço do EI tem forçado milhares de pessoas pertencentes a minorias étnicas a deixarem suas casas e se refugiarem nas montanhas do norte do Iraque. 

O grupo hoje controla a maior usina hidrelétrica iraquiana, fonte de água e eletricidade para grande parte do país.


Em junho, quando o EI avançou sobre Mosul, o primeiro-ministro iraquiano, Nouri Maliki, pediu a ajuda dos Estados Unidos para conter os insurgentes. Washington, porém, recusou-se a intervir.

Analistas afirmam que a ascensão dos rebeldes islâmicos, junto com o fracasso na formação de um novo governo após as eleições de abril, tenha forçado Obama a agir.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/08/140729_iraque_ataque_ru.shtml

domingo, 3 de agosto de 2014

Uma Nova Guerra Fria?

Vinte cinco anos se passaram desde a queda do Muro de Berlim e em 1991, com a dissolução da URSS, extinguia-se um período tenebroso conhecido como Guerra Fria. Corrida aeroespacial, nuclear, armamentista, Estados Unidos e a Ex-URSS promoveram, durante 45 anos, uma tensão, um equilíbrio pelo medo. 

Tempos de paz mundial? Não podemos falar nisto, uma vez que conflitos eclodiram e ainda ocorrem em várias partes do planeta. Porém, os dois grandes com poderio militar deram uma trégua que pode estar no seu fim. 

Texto único para analise da semana, a BBC aborda esta questão. O impasse com a União Europeia/ EUA/ ONU no caso da Crimeia e a queda do avião atingindo por míssil “sem pai” trazem à tona todo o pavor daquele período. Putin, um ex-agente da KGB, parece estar disposto para a briga. Obama que se cuide!

Pacto que ajudou a pôr fim à Guerra Fria está abalado?
Atualizado em  3 de agosto, 2014 - 06:39 (Brasília) 09:39 GMT
Depois que o presidente Barack Obama acusou o colega russo, Vladimir Putin, de ignorar um tratado histórico para redução de armas nucleares, nesta semana, levantou-se um debate sobre o destino da iniciativa.

O acordo de Forças Nucleares Intermediárias (INF, na sigla em inglês) foi assinado entre Mikhail Gorbachev e Ronald Reagan em 1987. Previa a remoção de parte do arsenal nuclear de EUA e União Soviética com fins de conter a ameaça para a segurança global representada pelas duas superpotências.

Considerado o "começo do fim da Guerra Fria," o Tratado INF proibiu possuir, produzir e testar mísseis nucleares de distância intermediária (entre 500 e 5,5 mil km).

"Foi um acordo fundamental na Guerra Fria. Essencialmente, eliminou uma controversa classe de armas nucleares. E, por essa razão, ainda tem repercussão", diz Nick Child, correspondente de assuntos internacionais da BBC.

Na época, o pacto foi um marco especialmente na segurança da Europa, uma vez que tanto os EUA quanto a URSS possuíam arsenal desse tipo.

A Casa Branca não tornou públicos os detalhes da sua acusação, feita no seu seu relatório anual sobre o cumprimento do controle de armas. Esses foram apresentados por Obama em uma carta a Putin, e em contato por telefone entre os ministros das Relações Exteriores, John Kerry e Sergei Lavrov.

O mal-estar contribui para o deterioro das relações EUA-Rússia, que já vinham abaladas e que foram novamente afetadas pela queda do avião da Malaysia Airlines que fazia o voo MH17, supostamente atingido por um míssil disparado por rebeldes pró-Moscou no leste da Ucrânia.

Proibições
O Tratado INF entrou em vigor em 1 de Janeiro de 1988 e previa que até 1991 fossem banidos os mísseis nucleares de distância intermediária dos Estados Unidos e da Rússia.

Tom Collina, da Associação de Controle de Armas, disse à BBC que o acordo "proibiu e eliminou todo lançamento de um míssil de alcance intermediário nos territórios americano e russo".

"Em qualquer lugar do mundo, mas na época eles estavam todos dentro e ao redor da Europa", acrescenta Hill.
Collina acredita que o tratado em questão era de vital importância, uma vez que foi primeiro a eliminar as armas nucleares e representou uma mudança nas relações entre os EUA e a União Soviética.

"Foi realmente o começo do fim da Guerra Fria, foi o símbolo da melhoria das relações entre os dois países e uma mudança dramática na União Soviética, com a chegada de Mikhail Gorbachev ao poder", acrescenta Collina. Era a primeira vez em que os Estados Unidos e a União Soviética "se propuseram a reduzir e eliminar seus arsenais nucleares", disse o especialista.

"Foi um precedente muito importante para os pactos que foram feitos mais tarde sobre a redução e a eliminação das armas nucleares com rigoroso controle."

Rússia
Apesar da diplomacia dos Estados Unidos ter se manifestado oficialmente apenas na terça-feira, divulgando a queixa, em determinados círculos o assunto já era comentado há meses. Em abril, em depoimento perante o Congresso, Anita Friedt, secretária-assistente de Política Nuclear e Estratégica, havia tratado da preocupação do Departamento de Estado sobre o assunto do Tratado INF.

"Nós comunicamos a Rússia e estamos pressionando para obter respostas claras, para resolver as nossas preocupações devido à importância do Tratado INF na segurança euro-atlântica", disse Friedt na ocasião.

Em janeiro, o jornal americano The New York Times relatou contatos de Washington com seus aliados da Otan para informar evidências de que um míssil russo levantou dúvidas sobre o cumprimento do tratado. A Rússia tem falado pouco sobre o assunto. Para o correspondente da BBC Nick Childs, Moscou terá várias soluções possíveis.

"Argumentar que os americanos estão simplesmente enganados e que seus mísseis estão abaixo da faixa de alcance proibida é uma delas", diz Childs.

"Outra possibilidade é argumentar que o tratado se tornou obsoleto, que outros países estão desenvolvendo mísseis semelhantes e que, afinal, os Estados Unidos abandonaram o tratado de mísseis balísticos quando foi conveniente."

Mas, acima de tudo, está uma das razões pelas quais a Rússia há muito tempo considera que o Tratado INF é injusto: enquanto os Estados Unidos não sofre nenhuma ameaça desses mísseis, a Rússia sofre, especialmente na China.

A tensão entre os Estados Unidos e a Rússia, por conta da crise na Ucrânia e da queda do voo MH17 da Malaysia Airlines, se intensificou com o relatório anual sobre o cumprimento do controle de armas em que a Obama acusa Moscou de violar o tratado.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/08/140731_tratado_russia_eua_kb.shtml