domingo, 13 de julho de 2014

Hamas e Israel: uma disputa além da Copa

Enquanto realizamos a Copa das Copas, nossos amigos do Hamas/ Palestinos e Israel travam uma outra disputa muito mais tensa. 

Sem abarcar os motivos históricos e geopolíticos, a mídia vem apresentando o fim do cessar fogo, entre os dois grupos, como uma repercussão dos sequestros de jovens das duas etnias. Mas será só isto mesmo? 

Quem é o Hamas? Paz ou Guerra: o que é melhor para o grupo sunita? E Israel, será tão vítima como a mídia propõem? 

Para esta semana, três textos sobre o tema, que foi pouquíssimo abordado pela mídia televisiva. O Segundo, da BBC, é o mais completo e objetivo para nossas discussões. 

Boa Leitura!

Edição do dia 10/07/2014 10/07/2014 20h29 - Atualizado em 13/07/2014 18h48
Entenda o caso: aumenta a violência entre israelenses e palestinos
Morte de quatro adolescentes agrava tensão no Oriente Médio.
Especialistas comentam escalada da violência nos dois lados da fronteira.

A violência no Oriente Médio voltou a crescer depois do assassinato de três adolescentes israelenses e de um palestino, de 16 anos.
Os três adolescentes israelenses foram sequestrados no dia 12 de junho, quando pediam carona na cidade de Hebron, no Sul da Cisjordânia, para ir a Jerusalém. O desaparecimento dos jovens comoveu o país.
governo israelense acusou o grupo islâmico Hamas, que não confirmou nem negou envolvimento com o caso. Depois de 18 dias de buscas, os corpos dos três adolescentes foram encontrados, com marcas de tiros.

No dia 1º de julho, um adolescente palestino foi sequestrado e morto em Jerusalém Oriental, após ser torturado e queimado vivo, acirrando ainda mais a tensão entre os países, com bombardeios e protestos nas ruas.
O crime provocou a suspeita de que teria sido uma vingança pelo assassinato dos adolescentes israelenses. Três judeus de extrema-direita estão presos pelo crime.
Um vídeo mostrando policiais israelenses espancando um jovem com brutalidade agravou o clima de hostilidade. A vítima era um americano de origem palestina em visita de férias, primo do adolescente queimado vivo.
Desde a madrugada da última terça-feira (8), quando Israel começou uma nova operação militar na Faixa de Gaza, mais de 1.300 ataques contra supostos alvos do Hamas foram realizados. Os militantes palestinos responderam aos ataques, lançando mais de 800 foguetes contra cidades israelenses.
Na quinta-feira (10), o Conselho de Segurança da ONU realizou uma reunião de emergência para discutir a crise no Oriente Médio. O secretário-geral Ban Ki-moon fez um apelo por um cessar-fogo imediato.
A ofensiva israelense, com intensos ataques aéreos, já deixou ao menos 160 palestinos mortos e mais de 600 feridos nos últimos seis dias.

http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2014/07/entenda-o-caso-aumenta-violencia-entre-israel-e-palestina.html

O que o enfraquecido Hamas pode ganhar com o conflito entre Israel e Palestina?
Atualizado em  12 de julho, 2014 - 10:24 (Brasília) 13:24 GMT

Israel e militantes palestinos continuaram a trocar ataques durante a noite. Centenas de mísseis e foguetes foram disparados desde que Israel iniciou sua operação há cinco dias, após acusar o Hamas pelo sequestro e morte de três jovens israelenses em junho.

Fontes palestinas dizem que 123 palestinos foram mortos. Segundo a ONU, mais de três quartos são civis. O Exército de Israel afirma que acertou mais de 60 alvos "terroristas" com ataques aéreos e que seis foguetes atingiram Israel no sábado.

Não há nenhum sinal de que ambas as partes concordem com um cessar-fogo, apesar de intensa diplomacia nas Nações Unidas.
O enfraquecimento recente do Hamas é um dos fatores que vai dificultar a contenção da nova escalada de violência entre Israel e Palestina, analisa do correspondente da BBC em Jerusalém Kevin Connolly.
Após perder apoio - e consequentemente dinheiro - de países como Irã, Síria e Egito, o grupo militante está fragilizado, e a intensificação recente do conflito pode ser uma forma de exigir concessões.
O último cessar-fogo não deu em nada - não apenas por causa do que aconteceu nas últimas semanas, mas porque as mudanças mais amplas no cenário político do Oriente Médio criaram enormes pressões sobre o Hamas.
A ligação entre o sequestro dos três adolescentes israelenses e a escalada repentina de hostilidades com Gaza é bastante simples.
Israel culpou o Hamas pelos sequestros e inundaram a Cisjordânia com soldados que encurralaram centenas de ativistas do Hamas. Os palestinos viram as prisões como uma punição coletiva ao invés de uma verdadeira busca por evidências.
A única ferramenta que o Hamas tinha à sua disposição para responder era o lançamento de foguetes a partir de Gaza - e essas prisões foram motivo suficiente para que o bombardeio se intensificasse.

Primavera Árabe
As mudanças mais amplas no Oriente Médio ajudam a explicar por que um Hamas enfraquecido pode ver um valor estratégico na escalada do conflito com Israel.
A organização foi muito afetada pelas reviravoltas da Primavera Árabe, que deixaram o grupo com poucos aliados e dinheiro.
No passado, o Hamas teve o apoio do Irã e da Síria. Mas o grupo é um ramo da organização sunita Irmandade Muçulmana e - quando ficou do lado de líderes rebeldes sunitas que se opõem ao presidente da Síria Bashar al-Assad e a seus aliados xiitas em Teerã - o Irã respondeu desligando as torneiras financeiras. O Irã costumava doar até US$ 20 milhões por mês - o suficiente para manter em funcionamento o governo em Gaza.
Isso não importava tanto enquanto Mohammed Morsi da Irmandade Muçulmana comandava o Egito. Ele é fortemente identificado com o Hamas e manteve abertos alguns túneis sob a fronteira de Gaza, por onde entram armas e itens básicos de consumo cuja comercialização gera receita para o Hamas por meio de impostos.
Mas o novo governo egípcio de Abdul Fattah al-Sisi considera a Irmandade Muçulmana e o Hamas como organizações terroristas e fechou muito mais túneis.
Desesperado, o Hamas chegou a uma espécie de reconciliação política com o seu rival Fatah, grupo por trás da Autoridade Palestina, que hoje administra a Cisjordânia sob a ocupação israelense.
Até agora, no entanto, essa ligação não trouxe ao Hamas benefícios concretos e subsistem diferenças enormes entre os grupos palestinos rivais.

Exigências para trégua?
O reinício do lançamento de foguetes não vai resolver esses problemas imediatamente. Mas os líderes militantes do Hamas podem estar calculando que a visão de civis palestinos que sofrem sob bombardeio aéreo terrível forçará a Autoridade Palestiniana a prestar maior solidariedade e os governos árabes a mostrarem mais apoio.
Hamas pode avaliar que havia poucas vantagens em manter a paz uma vez que as hostilidades podem abrir espaço para a exigência de concessões exatamente para encerrar os conflitos.
Israel, por sua vez, está desesperado para interromper os ataques de foguetes e danificar o Hamas.
Para o mundo exterior, os foguetes de Gaza podem parecer ineficazes - muitos são caseiros e Israel consegue contê-los com seu sistema de defesa antimíssil.
Mas os civis israelenses estão preocupados com a intenção por trás dos foguetes, e não com sua eficácia militar. Eles estão totalmente familiarizados com o ritual de correr para o abrigo com os filhos quando ouvem o alerta de 15 segundos - e querem que seu governo coloque um fim nisso.
O problema é que não há maneira fácil.
Os sistemas de armas modernos não são totalmente precisos como alguns acreditam e, inevitavelmente, ataques aéreos matam pessoas inocentes.
Israel pode argumentar que está tentando evitar vítimas civis, enquanto o Hamas está tentando causá-las. Mas imagens de televisão de civis mortos em Gaza - especialmente de crianças – influenciam as percepções sobre Israel ao redor do mundo.

Opções difíceis
Fontes israelenses dizem que grupos militantes em Gaza provavelmente têm dez mil foguetes e admitem que não sabem onde alguns - de mais de longo alcance - estão ocultos. Encontrá-los e destruí-los com ataques aéreos pode levar um tempo muito longo. As baixas civis cresceriam, assim como a crítica internacional.
E o envio de tropas terrestres não parece uma opção atraente também. Primeiro, é preciso decidir que escala de operação será lançada - uma série de incursões em depósitos de armas conhecidos? Ou uma grande reocupação de todo o território com todos os perigos e responsabilidade que isso traz?
Haveria mais mortes de civis, tornando-se uma tarefa difícil para a opinião internacional. E haveria baixas militares israelenses também - o que poderia levantar críticas em casa também.
O governo de Israel estabeleceu um tarefa difícil para si ao falar em pôr fim ao lançamento de foguetes de vez, e não apenas se contentar com uma trégua de algumas semanas ou meses.
Isso pode ser muito difícil de conseguir. Muitos dos foguetes em Gaza são armas caseiras. E se Israel fizer uma operação enorme e, em seguida, receber uma chuva de foguetes caseiros uma semana ou um mês depois? Então, Israel terá que empreender uma campanha sem uma estratégia clara de saída no local.

Possíveis mediadores
A imagem de Benjamin Netanyahu no resto do mundo pode ser a do direitista intransigente, mas seu instinto político é, provavelmente, o de balancear entre as visões conflitantes dentro do Israel.
É difícil ver o que seria uma vitória do seu ponto de vista. No momento, parece que não há muito sendo feito nos bastidores para manobrar um cessar-fogo.
Egito e Qatar são os mediadores mais prováveis. Egito tem contatos com ambos os lados e intermediar uma solução aumentaria a sua posição diplomática no Oriente Médio. Por outro lado, pode estar confortável em ver o potencial militar do Hamas se degradar por mais algum tempo.
Portanto, não é difícil de desvendar as grandes mudanças estratégicas e pequenos atos de ódio que conspiraram para provocar esta última rodada de hostilidades. Mas é muito difícil ver qual a combinação de circunstâncias poderá levá-las a um fim.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/07/140712_hamas_israel_ms.shtml


Conflito se agrava e cessar-fogo entre Israel e Hamas parece distante
Atualizado em  13 de julho, 2014 - 09:42 (Brasília) 12:42 GMT
A madrugada de domingo foi marcada pelo pior bombardeio à Gaza desde que Israel começou sua operação, no dia 8 de julho.

Israel realizou ataques aéreos durante a noite contra delegacias de polícia e o quartel de segurança de Gaza. Tropas também invadiram uma área de Gaza usada para disparar foguetes de longo alcance contra Israel, informou o país.
Pelo menos 159 palestinos morreram desde o início dos ataques aéreos, afirmam autoridades palestinas. Segundo essas fontes, um dos ataques recentes matou 17 membros de uma mesma família.
Mas, apesar da escalada de violência e do pedido do Conselho de Segurança da ONU pela interrupção dos ataques, um acordo de cessar-fogo ainda parece distante, analisa Jeremy Bowen, editor da BBC para o Oriente Médio.


Guerras entre Hamas e Israel tendem a terminar com algum tipo de cessar-fogo, ele explica. Fatores que influenciam o tempo que levam para fechar um acordo incluem a quantidade de sangue derramado e a quantidade de pressão internacional sobre ambos os lados.
Parece que este ponto que ainda não foi alcançado, nota Bowen. "O cessar-fogo envolve uma certa perda de prestígio, pois os líderes recuam da retórica que disparam quando os ataques militares começam".
"Nenhum dos lados está pronto para isso ainda - este conflito ainda deve piorar antes que a pressão por um cessar-fogo se torne incontestável", acredita o editor.

Autodefesa
Ambos os lados reivindicam o direito de autodefesa. Como sempre, no entanto, Israel está matando muitos mais do que o Hamas, ele observa.
"Isso não acontece por causa de qualquer falta de intenção do lado do Hamas e outros grupos militantes em Gaza. É porque o Estado de Israel é massivamente mais potente, e gasta milhões em defesa civil."
Por muitos anos, cada nova casa de Israel foi construída com um quarto à prova de explosão.
Em Sderot, a cidade israelense mais próxima à Gaza, até as paradas de ônibus parecem blocos de concreto.
Israel também tem um sistema antimíssil eficaz, o Iron Dome, em grande parte pago pelos Estados Unidos.

Falta de mediadores
Uma complicação adicional é que a negociação de cessar-fogo exige mediadores, e não há ninguém óbvio para fazer o trabalho. Os americanos têm se oferecido, mas ainda seria preciso outro mediador, a menos que os Estados Unidos retiram a proibição de contato direto com o Hamas.
A última rodada de combates entre o Hamas e Israel, em 2012, terminou com um acordo de cessar-fogo mediado pelo então presidente do Egito, Mohammad Morsi.
A então Secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, o agradeceu calorosamente por seus esforços na época. Mas Morsi foi retirado do poder por um golpe militar há um ano, e está na cadeia.
Israel insiste que vai ficar no ataque para proteger o seu povo e para forçar o Hamas e outros grupos militantes a parar de atirar foguetes contra Israel.
O Hamas estabeleceu condições para um cessar-fogo, incluindo o fim imediato dos ataques israelenses, bem como a libertação de prisioneiros palestinos que foram presos novamente depois de terem sido libertados em troca da soltura do refém israelense Gilad Shalit.
"Se tudo isso soa familiar, é porque é. Até agora, a crise tem sido muito semelhante a de 2012, quando o Hamas e Israel lutaram pela última vez em Gaza e em seu redor", destaca Bowen.

Ataques
As forças militares israelenses dizem já ter atingido 1.320 áreas de "terror" em toda a Faixa de Gaza, enquanto o Hamas teria lançado mais de 800 foguetes contra Israel.
Na manhã deste domingo, os ataques aéreos israelenses destruíram a maioria das sedes de segurança e delegacias de polícia administradas por militantes islâmicos do Hamas, relatou o correspondente da BBC em Gaza Rushdi Abu Alouf.
Houve grandes danos às casas adjacentes ao complexo de segurança, que está localizada no bairro densamente povoado de Tel al-Hawa, no sul de Gaza.
Pelo menos cinco israelenses foram feridos esta semana por foguetes e mísseis, dois deles gravemente, mas nenhum israelense foi morto pelos ataques.
Fontes palestinas dizem que mais de 1.000 pessoas foram feridas em Gaza desde que Israel iniciou sua operação há seis dias.
Israel iniciou sua operação há seis dias, após acusar o Hamas pelo sequestro e morte de três jovens israelenses em junho.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/07/140713_gaza_cessar_fogo_ms.shtml


Nenhum comentário:

Postar um comentário