segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Geografia e territorialidade do futebol

Há algum tempo já pensava em escrever sobre futebol, e como é difícil falar de algo quando se é leigo. Invejo aqueles que conseguem enxergar todo esquema tático dos times em campo como se fossem verdadeiros técnicos. Eu realmente não tenho este dom. Aliás, sou de um tempo que jogadores usavam camisas numeradas de 1 até 11 (no máximo até 17 ou 18 contando com os reservas) e que, quase de forma geral,  indicavam sua posição no campo. 
Pensei em escrever sobre a fase dos times mineiros, em especial, é claro, do Cruzeiro: time com folha de pagamento relativamente baixa, técnico relativamente inexperiente, mas com uma gestão muito mais eficiente que nos últimos anos da dinastia Perrella. Um time que anda agraciando os amantes de futebol com um futebol objetivo e lances lindos, apesar dos dois últimos tropeços. Aliás, sobre isto, fiquei pensando: será que o encantamento acabou? Será que o esquema de jogo foi desvendado pelos técnicos? Bom, espero que não e quarta-feira, dia 16, estarei no estádio para dar aquele apoio. Oportunidade única para reencontrar o Mineirão "padrão Fifa"  no meio  de semana de recesso. Não poderia perder mesmo!
Mas resolvi falar mesmo de algo noticiado bastante neste fim de semana com vários clássicos: a INTOLERÂNCIA entre as torcidas e relacionar este fenômeno à GEOGRAFIA DO PODER.
Aqui em João Monlevade, como em BH, como em qualquer outra cidade pode-se perceber como a TERRITORIALIDADE, ou seja, a percepção de PODER que um grupo exerce em parte do Espaço Geográfico. Na cidade em questão, percebo dois QG's de Cruzeirenses e Atleticanos: o Gambinus e o Bar do Xororó, respectivamente. São espaços públicos-privados, onde em dias comuns, todos podem visitar/ permanecer/ frequentar, mas que em dia de jogos os agentes sociais (os torcedores) se apropriam inclusive da própria via de circulação. 
É interessante, como a Geopolítica Mundial pode, em pequena escala, ser observada. Ao final do clássico fica um bando de um lado e outro do outro. A polícia no meio, como agente pacificador/ repressor (como a OTAN, por exemplo). 
Até aqui, é muito interessante a observação e análise, afinal a rivalidade faz parte do espetáculo, mas e quando vira conflito físico, quando estes grupos partem para as vias de fato?? Marx explica isto com sua teoria do movimento de massas. Marx fala sobre um movimento contra a estrutura vigente e padrão. Ele explica que um indivíduo sozinho não é capaz de atuar, mas que a força da coletividade pode se tornar uma Revolução. Mas isto é a justificativa para os torcedores que se agridem e vandalizam? Qual a causa que motiva esta "luta"? Amigos do dia de sábado viram inimigos no domingo? E na segunda? Todos de bem de novo? Eu, verdadeiramente, não consigo responder estas questões. O futebol é a paixão dos brasileiros, mas não pode se tornar alienação. Espero, queridos leitores cruzeirenses e atleticanos, que reflitam sobre isto e proclamem por PAZ no futebol!


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