domingo, 25 de maio de 2014

Eleição do Parlamento Europeu: Será o ressurgimento da extrema direita?


Faz algum tempo que tento observar e analisar uma possibilidade preocupante e eminente na Europa- o ressurgimento da extrema direita no continente. 

Nestes últimos anos, dois fatos me chamaram a atenção:

1°) A crise grega: Na última década, os gastos públicos da Grécia foram às alturas e os salários do funcionalismo praticamente dobraram. Os cofres públicos eram esvaziados pelos gastos e a receita era afetada pela evasão de impostos – deixando o país totalmente vulnerável. Como solução, a partir de 2010, o governo recorreu a empréstimos com a UE e (pior... mas muito pior) ao FMI, tendo que adotar um pacote de medidas de austeridade, aumentando de impostos, cortando orçamentários, reduzindo de benefícios previdenciários, ganhos de servidores e tetos salariais, além de aumentar da idade para a aposentadoria, numa tentativa de economizar dinheiro no sistema de pensões, já sobrecarregado. 

A população, é claro, reagiu com protestos, alguns deles violentos. 

Neste momento, comecei a observar que, parte da população reivindicava o rompimento com a UE e alguns clamavam por um governo menos integralista e mais nacionalista. Estes fatos me despertaram algumas dúvidas: Estará o bloco europeu andando para trás? Será que este fenômeno, ocorrido na Grécia, um país com peso econômico médio/baixo, trará repercussões maiores? Será apenas um caso isolado?

2°) A Direita, na França, toma força: Não tenho a pretensão de fazer uma análise histórica da França, mas como geógrafo, admiro o país pelo seu pioneirismo, pela sua liberdade e pela sua liderança pacífica na intermediação de conflitos. E por isto mesmo, me espantei, em perceber que na eleição do início deste ano, houve uma tendência clara de mudança política, da esquerda para a oposição conservadora. 

Como resultado final, o presidente François Hollande irá permanecer no poder, mas os conservadores cresceram e governarão algumas prefeituras. “[...] nas eleições municipais deste domingo (30/03), o partido de extrema-direita Frente Nacional (FN) obteve vitória em um número recorde de cidades. [...] O partido protecionista e anti-União Europeia, liderado por Marine Le Pen, vai assumir o controle de pelo menos 11 cidades do país, ultrapassado com folga o recorde dos anos 1990, quando conquistou quatro.” (O Globo)

Em resumo, a França, mesmo sendo a segunda maior economia do continente, enfrenta altas taxas de desemprego e sua população (ou parte dela) vê seus impostos recolhidos indo embora para sanar crises de outros países europeus, gerando desconfiança com os propósitos do bloco, como união econômica e monetária e com pretensões maiores de integração regional.  Re-Nasce, num país tão fraterno, libertário e igualitário, um movimento extremo-nacionalista/ ufanista/ xenófobo. 


Será o fim da União Europeia? Nesta semana, entre quinta-feira a domingo, ocorrem as eleições para o Parlamento Europeu nos 28 países da União Europeia (UE), com promessas de ser um palco de batalha sem precedentes pelo papel e pelo poder no bloco. 

Sobre as eleições, posto recorte de três textos que reforçam minha preocupação: A Direita está forte na Europa. Mas, vocês queridos leitores devem estar se perguntando: qual o motivo da minha preocupação? Vale lembrar que o “Nazi-Fascismo”, considerado como extrema-direita, surgiu a partir de ideais nacionalistas, vigorando um sistema pouco democrático, segregacionista e violento. E como diria George Santayana, filósofo, poeta e ensaísta espanhol: “Aqueles que não podem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”.
Votação dura vários dias na União Europeia

Bom, o primeiro texto da BBC esclarece a importância da eleição europeia, como o parlamento conduz, na prática, o bloco, o peso de cada país e como os grupos com ideologias próximas são formados.

Eleição europeia testa poder de partidos anti-UE; entenda o que está em jogo
 Atualizado em  22 de maio
O Parlamento Europeu é a única instituição eleita diretamente na União Europeia e, por isso, esta é a única chance - que ocorre apenas uma vez a cada cinco anos - para os eleitores decidirem quem vai representá-los em Bruxelas. 

Os membros dos Parlamento têm um papel essencial: cada uma das novas leis propostas precisam da aprovação destes parlamentares.

E, neste ano particularmente, muita coisa está em jogo devido à crise econômica que intensificou ainda mais o debate sobre o futuro do bloco. A questão que surge é se os eleitores vão querer mais integração, chegando até mesmo a uma Europa federal, ou se eles vão querer que o poder volte para os Parlamentos de cada país. Ou até mesmo se vão preferir que seus países saiam da União Europeia.

Se muitos eleitores escolherem esta última alternativa, um grande bloco anti-União Europeia poderá prejudicar o Parlamento.

As Imigrações: A imigração deve ser uma das grandes questões para muitos eleitores. A liberdade de movimento dentro da União Europeia tem sido contestada por muitos políticos dos países do bloco, devido ao aumento no número de países-membros da União Europeia - algo que aumentou muito o fluxo de trabalhadores estrangeiros circulando pela região.

Muitos eleitores estão preocupados em proteger seus empregos, já que os índices de desemprego estão altos e milhões de jovens europeus lutam para conseguir trabalho.

Poder do Parlamento: Desde a última eleição, os poderes dos membros do Parlamento europeu passaram por uma expansão considerável. Agora eles negociam a legislação do bloco com ministros de governos dos países membros no que é chamado de "codecisão". E então o Parlamento vota as leis.

O consentimento dos membros do Parlamento europeu também é necessário para fechar acordo comerciais da União Europeia com países de fora do bloco (Brasil incluído) e também para aceitar novos países na União Europeia.

O Parlamento: O número de cadeiras por país é decidido de acordo com a população daquele país. A Alemanha terá o maior número de assentos: 96; a França tem 74; Itália e Grã-Bretanha, 73 cada um. Países como Chipre, Estônia, Luxemburgo e Malta têm direito a seis cadeiras cada um.

Uma vez eleitos, a maioria dos partidos nacionais se unem a blocos transnacionais do Parlamento que tenham uma linha de pensamento parecida com a deles. 

Os grupos precisam ter pelo menos 25 membros do Parlamento de pelo menos sete países. Estar em um grupo como este significa que um parlamentar pode ter mais influência na legislação e seu partido consegue verbas do Parlamento.

Os grupos cobrem boa parte do espectro, da extrema direita à extrema esquerda, mas os maiores blocos são os de centro-direita, centro-esquerda e liberal. Nenhum grupo jamais teve uma maioria clara, então é comum que os partidos e parlamentares acabem se comprometendo e fechando acordos com outros políticos.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140522_eleicao_ue_entenda_fn.shtml. Acesso 25/05/2014

O segundo texto aborda, mais detalhadamente, o risco do crescimento da Direita para a manutenção do bloco europeu e das relações diplomáticas e bastante estremecidas com a Rússia, envolvendo a Ucrânia: Não tive autorização de copiar o texto, mas o link é este: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/05/1459665-eleicao-na-ue-deve-dar-mais-forca-a-extremistas.shtml. Vale muito a pena.

O terceiro texto, da Carta Capital, relaciona a voracidade do capitalismo e as mazelas geradas para a população europeia. Neste artigo (recorte), é que apoio meu pensamento: o povo descrente, sem esperança, desempregado quer mudanças políticas. Se o que tem hoje é ruim, vale a pena mudar. Mas será que este “novo” caminho é o melhor? Será que a extrema-direita ultraconservadora é a solução? Eu creio que não! 
O mal-estar europeu
por Luiz Gonzaga Belluzzo — publicado 25/05/2014 09:16
Às vésperas das eleições para o Parlamento Europeu, a extrema-direita monta seus palanques para proclamar consignas hostis à União Europeia e aos imigrantes. Essas palavras de ordem ganham adeptos em todos os cantos do Velho Continente. Na França, crescem para além dos 25% as intenções de voto para a Frente Nacional de Marine Le Penn. Na Inglaterra, as pesquisas mostram que 30% dos eleitores pretendem escolher o United Kingdom Independent Party de Nigel Farage. Farage não economiza palavras para profligar os imigrantes, sobretudo os que vêm do Leste Europeu. Ainda recentemente, meteu-se em confusão ao perguntar aos ingleses se, por acaso, estariam seguros com um vizinho romeno.

Philippe Legrain, ex-assessor da presidência da Comissão Europeia, em seu livro mais recente, Primavera Europeia: Porque nossa economia e nossa política são uma desgraça, pintou com tintas amargas o futuro das novas gerações. “Elas terão uma vida pior do que tiveram seus pais. A Europa está uma desgraça. Nossas economias falham clamorosamente em seu dever de proporcionar padrões de vida decentes para a maioria de seus cidadãos e muitos deles perderam a fé na capacidade dos políticos em proporcionar um futuro melhor. Por isso cresce o apoio aos extremistas.”

Nos círculos bem pensantes há desconforto com o mau humor dos cidadãos que não só rejeitam as consequências da crise, mas, sobretudo, contestam o modelo social e econômico que conduziu o planeta à beira de uma (outra) Grande Depressão. Os perdedores sofrem as agruras da estagnação dos rendimentos familiares nos últimos 30 anos, as dores das ocupações precárias, as penúrias do desemprego de longo prazo, do aumento da pobreza e do desamparo na doença.

Entre tantas definições, o capitalismo pode também ser entendido como a coexistência de “duas naturezas”: 
1. A enorme capacidade de criar, transformar, dominar a natureza, suscitando desejos, ambições e esperanças. 
2. As limitações à sua capacidade de distribuir a renda e a riqueza, de entregar o bem-estar e a autonomia individual a todos os encantados com suas promessas. Não se trata de perversidade, mas do seu modo de funcionamento.
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/revista/801/o-mal-estar-europeu-8708.html. Acesso: 25/05/2014

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